domingo, 9 de julho de 2017

Dos Costa Agra de Monserrate/Portugal, aos Agra de Parnamirim/PE

Este post é uma continuação do Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE. Aqui veremos os ancestrais Agra de Geracina Maria do Carmo, Lino da Costa Araújo e Manoela da Costa Araújo, percorrendo 3 gerações para trás, chegando até Luís da Costa Agra, o português imigrante. Os ancestrais de Luís abordarei num próximo post. A genealogia aqui tratada remete não só aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE, e aos Aquino Malaquias, do Rio de Janeiro/RJ, mas a todos os Agra de Parnamirim/PE e do restante do sertão pernambucano, além também dos Agra de Campina Grande/PB. É, ainda, possível que essa abrangência chegue a todos os Agra do nordeste, porém, quanto a isto, é uma mera especulação minha.

1- Início da pesquisa

Clique para revelar a introdução (parte pouco relevante em termos de genealogia)
Durante a pesquisa que eu já vinha fazendo, ao chegar no tenente-coronel Martinho da Costa Agra, meu hexavô (e bisavô de Francisca Aurora), vários horizontes se abriram, pois, como ele foi uma pessoa histórica local, havia livros e outras publicações a seu respeito, além de comunidades na internet.
Num desses fóruns e comunidades, conheci o primo Herivelton Agra, morador de Parnamirim e pesquisador da família. Graças a ele consegui alguns livros (como o "Antigas Famílias do Sertão", do professor Yoni Sampaio, entre outros) e contatos, como os da prima pesquisadora Onara Peixoto de Alencar. Por um desses conheci também uma outra prima Maria das Graças Alves, e pelo FamilySearch.org conheci uma outra mais, Ingrid Lopes Neuman. Com essas 3, pude debater e trocar mais algumas informações para consolidar este trabalho. Pela internet também encontrei o livro "Lágrimas de Saudade", da também prima Esmeraldina Agra (in memorian), que embora trate com foco nos Agra que se radicaram em Campina Grande, fala dos que os antecederam (que se tratam dos mesmos que antecederam os de Parnamirim).
Nesta etapa da pesquisa, a qual começou a adentrar livros, percebi um novo obstáculo: os mitos. Os livros são baseados em documentos, mas algumas lacunas são preenchidas pela tradição oral passada pelas gerações (alguns livros se baseiam unicamente nisto), que são histórias importantes e quase sempre verdadeiras, mas, às vezes, são distorcidas proporcionando o surgimento de mitos. Com a descoberta de novos documentos, alguns desses mitos foram quebrados, e disso tratarei ao longo do post. E quanto aos ancestrais que aqui constam (e em todas as outras postagens), apenas selecionei os que possuem vínculo genealógico comprovado documentalmente.
Algo que me marcou nesta etapa foi que pude retribuir pela primeira vez com toda a comunidade que pesquisa os Agra, com a descoberta da certidão batismo de Luis da Costa Agra nos livros paroquiais (que estão online) de Monserrate/Portugal, o que revelou o verdadeiro nome do seu pai, e derrubou o mito de que Luis seria filho de um tal engenheiro hindu chamado Bernardo da Costa Agra.

Agradecimentos

Obrigado ao grande primo Herivelton Agra, morador de Parnamirim/PE e detentor do maior acervo da família Agra, o qual complementou bastante minhas pesquisas com documentos e livros que ele tem. Obrigado ao professor Yoni Sampaio, pela gigantesca pesquisa que faz ao longo de muitos anos a qual foi compilada em alguns livros, que me foram cedidos. Obrigado à prima Esmeraldina Agra (in memorian, a qual infelizmente não tive a felicidade de conhecer), por ter publicado o livro "Lágrimas de Saudade", mesmo tendo cerca de 90 anos na época, preservando toda a história oral passada por sua mãe, contado de uma maneira bastante sentimental e emocionante. Obrigado também às primas Maria das Graças Alves, Ingrid Lopes Neuman e Onara Peixoto de Alencar, com as quais troquei diversas informações, todas as 3 pesquisadoras e também descobertas pela pesquisa. Obrigado ao grupo "Genealogia FB", uma grande comunidade no facebook, na qual pesquisadores amadores se ajudam mutuamente, tentando decifrar registros quase indecifráveis que lá postamos (uma ajuda fundamental). Obrigado aos meus amigos Cícero George Bezerra Monteiro e Júlio Cezar Monteiro Gomes pela companhia e ajuda nos custos da viagem que fizemos a Parnamirim/PE para finalmente conhecer a terra dos meus antepassados e enriquecer esta postagem com algumas fotos. E, por fim, obrigado a tia Ana e aos primos do RJ, participantes do grupo "De onde os Malakas vieram", que se interessaram bastante pelo meu trabalho, o que me incentivou a continuar.

2- A pesquisa em si

Como vimos anteriormente, Aurene Malaquias, minha bisavó, era filha de Francisca Aurora, que era filha de Francisco Lino da Costa Araújo, que por sua vez era filho de um casal em que ambos tinham sangue Agra: Geracina Maria do Carmo e Lino da Costa Araújo. Francisca Aurora ainda era filha de Aurora Manoela de Carvalho, que era filha de Manoela da Costa Araújo, também descendente dos Agra. Portanto começaremos com a árvore mostrada acima.

2.1- Família Costa Agra - Martinho

Geracina Maria do Carmo, minha pentavó, era filha do comandante superior, tenente-coronel Martinho da Costa Agra e Josefa Maria do Carmo (que deixarei para tratar numa postagem própria da família Alves Viana), moradores na fazenda do Saco. Martinho nasceu cerca de 1780, em algum lugar pelo sertão pernambucano, possivelmente Cabrobó/PE (sem confirmação ainda). Com sua esposa teve 11 filhos (não estão em ordem):
Joaquina Florinda, Ernesto, Geracina, José, Joaquim, Martiniano, Inocência, Joaquina, Balbina, Hermínia e Ana. (Abrir detalhes)
  • Joaquina Florinda Agra. Foi segunda esposa de Luís Pereira de Alencar Filho (neto de Joaquim Pereira de Alencar, bisavô de Joaquina Florinda, que será tratado numa postagem sobre a família Alencar). [3]
  • Ernesto da Costa Agra, nascido cerca de 1822. Casou com Maria Adelina Agra Lima (bisneta de Luís da Costa Agra, também bisavô de Ernesto, que será tratado no tópico 2.1.1.1) [3]
  • Geracina Maria do Carmo, minha pentavó, nascida em 1823, já tratada na postagem Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE. Casou 3 vezes: a primeira com José Leonel de Alencar (neto de Joaquim Pereira de Alencar, bisavô de Geracina), a segunda com meu tetravô Lino da Costa Araújo (bisneto de Luís da Costa Agra, também bisavô de Geracina, que será tratado no tópico 2.1.1.1) e a terceira com Josino Ribeiro Torres (também bisneto de Luís da Costa Agra)
  • José da Costa Agra (em homenagem ao pai de Martinho). Foi capitão. Casou com Jacinta Maria da Conceição. Foi presidente da Câmara Municipal de Santa Maria e em 26/07/1846 instala a primeira Câmara Municipal de Exu. Morador no sítio Jacu. É ancestral dos "Aquino Malaquias", do Rio de Janeiro/RJ. [3]
  • Joaquim da Costa Agra, nasceu cerca de 1815. Foi major. Foi segundo marido de Eufrásia Guilhermina Lima (bisneta de Luís da Costa Agra, também bisavô de Joaquim, que será tratado no tópico 2.1.1.1). [3]
  • Martiniano da Costa Agra. Foi capitão. Provavelmente casado com Rita Cândida Agra das Virgens (bisneta de Luís da Costa Agra, também bisavô de Martiniano, e irmã dos meus pentavós Lino da Costa Araújo e Manoela da Costa Araújo, já tratados na postagem Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE). É ancestral dos "Aquino Malaquias", do Rio de Janeiro/RJ. [3]
  • Florinda Maria de jesus. Casou com Manoel Baptista de Araújo (bisneto de Luís da Costa Agra, que também era bisavô de Florinda). É ancestral dos "Aquino Malaquias", do Rio de Janeiro/RJ. [3]
  • Inocência Maria das Virgens. Foi segunda esposa do major Eufrásio da Costa Araújo (pai dos meus pentavós Lino da Costa Araújo e Manoela da Costa Araújo, e neto de Luís da Costa Agra, bisavô de Inocência). [3]
  • Balbina Florinda da Costa Agra. Casou com Alexandre Carlos da Silva Peixoto (bisneto de Luís da Costa Agra, que também era bisavô de Florinda). [3]
  • Hermínia Francina Agra. Casou com o Dr. Miguel Gonçalves Lima. [3]
  • Ana. Provavelmente uma Ana Idalina Agra, que aparece como casada com Antônio Ferreira Lustosa. [3]
Vivia com esposa e filhos na Fazenda do Saco, a qual passou a ser conhecida como Saco do Martinho, que depois passou a ser sede de freguesia, depois Município de Leopoldina, para só então depois tornar-se Parnamirim. Antes de tornar-se município, era parte do território de Cabrobó/PE.
Restos mortais de Martinho da Costa Agra, na Igreja Matriz
Segundo o historiador Sebastião Galvão, Martinho era um cidadão abastado e religioso. Com licença do diocesano D. João da Purificação Marques Perdigão, resolveu edificar em sua propriedade, em 1847, uma capela sob a invocação de Santana e com pequenos intervalos contratava um sacerdote para celebrar missas ali. Este fato fez com que pessoas de lugares mais distantes se aproximassem, e congregando-se neste ponto várias fazendas transformaram em pouco tempo a fazenda em povoado.
Martinho esteve envolvido na revolução de 1817, na campanha contra Fidié em 1822, no Maranhão, e na Confederação do Equador em 1824. Sua tia, Bárbara de Alencar, foi uma das figuras de destaque na revolução de 1817, sendo a primeira prisioneira política do Brasil. Também estiveram envolvidos seus primos legítimos José Martiniano Pereira de Alencar, Tristão Gonçalves (ambos filhos de Bárbara), Luís Pereira de Alencar e Leonel Pereira de Alencar (este foi cruelmente assassinado em 1824, em uma emboscada feita em sua casa, da qual escapou apenas sua esposa grávida e alguns filhos pequenos). [3][5]
Marcas na parede do ferro de marcar gado da família.
Segundo Herivelton Agra, Martinho possuía, além da Fazenda do Saco, outras 15 propriedades. Uma delas se chamava Humaitá, a qual seria um local estratégico para esconder-se nos tempos conturbados. A casa em Humaitá fica no topo de um morro, em cima do qual era possível avistar o núcleo populacional (que futuramente viria a ser a cidade de Parnamirim/PE) e também outras propriedades. Esta casa (a qual eu visitei as ruínas pessoalmente), possuía em sua estrutura uma viga, a qual não era necessária para uma casa normal. Segundo Herivelton, a razão deste tronco existir era sustentar um sótão secreto (o qual não existe mais, desabado pelo tempo), no qual Martinho poderia esconder-se.
Fotos da casa de Humaitá.
A casa possuía um quarto sem janelas, provavelmente para prender e castigar inimigos ou escravos, no qual havia um tronco no teto para acorrentar-lhes as mãos.
Por dentro, é possível encontrar armadores de rede em bom estado de conservação.
A capela foi uma construção feita posteriormente, por um filho de Martinho que herdou a propriedade.
Herivelton possui a chave da casa, dada à sua mãe por dona Alvezi Agra (descendente do filho herdeiro). Temos também um prego antigo encontrado por lá.

2.1.1- Família Costa Agra - José

Martinho da Costa Agra, meu 6-avô (hexavô), era filho do comandante José da Costa Agra e Iria Francisca de Alencar (que deixarei para tratar numa postagem própria da família Alencar). Não se sabe ainda o ano em que José nasceu, nem o local exato (mas foi no sertão pernambucano), possivelmente Cabrobó/PE (sem confirmação ainda). Faleceu em 1812. Viveu com sua família entre Granito/PE e Parnamirim/PE. Com sua esposa teve ao menos 5 filhos (não estão em ordem):
Francisca de Alencar, Martinho da Costa Agra, Manoel da Costa Agra, Francisco da Costa Agra e Maria Cândida da Costa Agra. (Abrir detalhes)
  • Francisca de Alencar. Casou com José Antônio da Conceição Barreto. [3]
  • Martinho da Costa Agra (já tratado no tópico anterior).
  • Manoel da Costa Agra. Casou com Teresa de Jesus, tendo apenas 1 filha, a qual faleceu ainda bebê. [3]
  • Francisco da Costa Agra. Comandante. Casou com Rita Maria da Conceição, irmã da minha hexavó Josefa Maria do Carmo (esposa de Martinho). É ancestral dos (acredito que todos) Agras de Campina Grande/PB. Juntamente com Martinho, foi envolvido nas instabilidades políticas de 1822, com a campanha contra Fidié, no Maranhão, e de 1824, a Confederação do Equador. [3][4]
  • Maria Cândida da Costa Agra. Casou com José Ribeiro Granja (ambos netos de Luís da Costa Agra, que será tratado no tópico 2.1.1.1). [3]
Apesar de nunca ter sido encontrado o registro de batismo, nem o de casamento e nem o de óbito, de Martinho, há alguns processos em que tanto ele, quanto seus irmãos, se declaravam filhos de José da Costa Agra e Iria Francisca de Alencar. Destes irmãos, alguns já foram encontrados os registros de casamento, constando a mesma informação. Não foi encontrado ainda também o registro de casamento de José, mas já foram encontrados registros de batismo em que ele e sua esposa são padrinhos (constando explicitamente a informação de que são casados), além também de outros documentos em que consta Iria como viúva de José. Há também uma nota no jornal Diário Novo, edição de 21 de Março de 1846, onde um de seus netos (que tinha o mesmo nome do avô) fala de seus pais e avós.
José foi Comandante do distrito do Riacho da Brígida de Cabrobó. Também era chamado de doutor, pois se formou em direito na universidade de Coimbra (e tinha o apelido no sertão de "O Coimbrão"). Não foi encontrado ainda seu diploma, mas foi encontrado (pela prima Maria das Graças Alves) o do seu irmão, Francisco, que também estudou lá (ambos aparecem em alguns processos como ausentes do Brasil, por estarem estudando em Coimbra).

2.1.1.1- Família Costa Agra - Luis

José da Costa Agra, meu 7-avô (heptavô), era filho de Luis da Costa Agra e Ana Micaela de Faria Machado, também conhecida como Ana Micaela de Souza (que tratarei sobre ela e seus ancestrais em uma postagem sobre as famílias Faria Machado e Rodrigues de Carvalho). Luis nasceu em Monserrate, Viana do Castelo/Portugal, em 1717 (Batismo Luis [1o reg. esquerda]). Veio ainda jovem e solteiro para Pernambuco, onde constituiu família e viveu nas fazendas Cocossó, Caraíbas e Curralinho. Com sua esposa teve ao menos 4 filhos (não estão em ordem):
José da Costa Agra, Brígida da Costa Agra, Francisco da Costa Agra e Antônia da Costa Agra (Abrir detalhes).
  • José da Costa Agra (já tratado no tópico anterior).
  • Brígida da Costa Agra (também conhecida como Brígida Micaela Granja). Casou com Bernardo Ribeiro Granja, tronco da família Granja. [3]
  • Francisco da Costa Agra. Formado em direito pela universidade de Coimbra.
  • Antônia da Costa Agra. Avó paterna dos meus pentavós Lino e Manoela da Costa Araújo, como será visto mais adiante. Casada com Manoel Baptista de Araújo ou com Simão de Araújo Costa (os documentos não são claros).
Os registros de nascimento, casamento e óbito de José da Costa Agra ainda não foram encontrados, mas consta em diversos outros documentos a sua filiação como sendo Luis da Costa Agra e Ana Micaela de Faria Machado. Como exemplo, em 1813 há uma ação judicial movida pelo coronel Joaquim de Araújo Ribeiro contra a família de José da Costa Agra, por uma disputa pela fazenda Rancharia. "(...) Coronel Joaquim de Araújo Ribeiro contra Iria Pereira de Alencar, Martinho da Costa Agra, José Antonio da Conceição Barreto, Jo...[José Ribeiro Granja], ...., viúva e herdeiros do falecido José da Costa Agra. O dito falecido Agra era filho dos também falecidos Luis da Costa Agra e sua mulher Ana Micaela de Souza. (...)". [3]
Luis da Costa Agra veio ao Brasil muito provavelmente por conta de seu tio Manoel Fernandes Lima, que possuía propriedades, incluindo a fazenda Cocossó, a qual ele herdou (seu tio não fora casado e nem tivera filhos). Tudo indica que foi muito rico e influente, pois além de ter tido 2 filhos estudando em Coimbra, casou com Ana Micaela, que era filha da riquíssima Brígida (há inclusive um rio com o nome dela). Luis também foi Juiz de Paz e atuou em inúmeros processos, além de ter sido capitão. [3]
O Batismo Luis [1o reg. esquerda] não tinha sido encontrado até pouco tempo. O que se tinha até o momento eram alguns documentos nos quais ele declarava sua idade (o que indicava que ele teria nascido cerca de 1717), um batismo de um filho seu que informava a naturalidade de Luis (Monserrate/Portugal) e os nomes dos avós (porém essa parte estava bem estragada, só sendo possível ver que o sobrenome do pai dele era "Costa Agra" e o nome de sua mãe era Maria Fernandes) e o testamento de seu tio materno, no qual constava que ele era tio de Luis e que tinha uma irmã chamada Maria Fernandes em Portugal. Havia, então, uma lenda de que o pai de Luis fosse um tal engenheiro hindu Bernardo da Costa Agra (inclusive em um livro era afirmado como sendo verdade, mas sem a menção a fonte nenhuma), e que este seria natural de Agra, na Índia. Porém resolvi pesquisar nos livros disponíveis online de Monserrate, e encontrei um batismo de um Luis, nascido em 1717, filho de um Manoel da Costa Agra e de uma Maria Fernandes. E para corroborar ainda mais, encontrei a certidão de casamento do casal, na qual constava o nome dos pais de Maria Fernandes, que eram os mesmos que declarava Manoel, o tio materno de Luis. O pai de é, de fato, Manoel da Costa Agra, português, e não Bernardo, o indiano. Sobre Manoel e outros ancestrais, trataremos numa outra postagem.

2.2- Família Costa Araújo - Eufrásio

Lino da Costa Araújo e Manoela da Costa Araújo, meus pentavós, eram filhos de Eufrásio da Costa Araújo e Maria Angélica Ferraz (que tratarei em uma postagem sobre a família Souza Ferraz). Eufrásio nasceu cerca de 1793, em algum lugar do sertão pernambucano. Com sua esposa viveu na fazenda Pintado e tiveram os seguintes filhos:
José da Costa Araújo, Jacinta da Costa Agra, Maria, Antônia, Lino da Costa Araújo, Josefina, Rita, Ildefonso da Costa Araújo, Joaquim da Costa Araújo, Manoela da Costa Araújo (Abrir detalhes).
  • José da Costa Araújo, casado com Maria Florinda de Alencar. Não consta na lista de herdeiros do inventário de Maria Angélica, provavelmente por ser de maior na época (a lista de herdeiros pode ser, na verdade, uma lista de órfãos). Seu nome consta na partilha das terras da Fazenda Saco, ocorrida em 1902 entre os herdeiros de Eufrásio, e aparece como sendo filho do primeiro casamento. [3]
  • Jacinta da Costa Agra, falecida em 1883, casada com José da Costa Agra. Também não consta na lista de herdeiros do inventário de Maria Angélica, provavelmente por também ser de maior na época, mas consta, assim como seu irmão José, entre os filhos do primeiro casamento na partilha de 1902. Seu nome, Jacinta, é o mesmo de sua avó materna, configurando uma homenagem. [3]
  • Maria, nascida cerca de 1819. Provavelmente se trata de uma Maria Angélica das Virgens. Maria consta na lista de herdeiros do inventário de sua mãe, mas por algum motivo não consta na partilha de 1902 (provavelmente era falecida e sem filhos, o que justificaria esta ausência). [3]
  • Antônia, nascida cerca de 1821. Provavelmente se trata de uma Antônia Maria das Virgens, que casou com Jó Baptista de Araújo (sobrinho de Eufrásio), tendo o casal uma filha chamada Maria Angélica Auta das Virgens, uma provável homenagem à avó da criança. Antônia ficou viúva em 1861, e, dos filhos do primeiro casamento de Eufrásio, era a única viva em 1902. [3]
  • Lino da Costa Araújo, meu pentavô, já tratado na postagem Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE. Nascido em 1823 e casado com minha pentavó Geracina Maria do Carmo (filha de Martinho da Costa Agra, portanto bisneta de Luis da Costa Agra que é bisavô de Lino).
  • Josefina, nascida cerca de 1826. Provavelmente se trata de uma Josefina Auta das Virgens, que casou com Francisco Cardoso de Miranda. [3]
  • Rita, nascida cerca de 1827. Provavelmente se trata de uma Rita Cândida das Virgens, que casou com o capitão Martiniano da Costa Agra (filho de Martinho da Costa Agra, portanto bisneto de Luis da Costa Agra que é bisavô de Rita). [3]
  • Ildefonso da Costa Araújo, nascido cerca de 1829. Em 1860 morador na fazenda Pintado. Casado com Josefa Maria do Carmo (neta de Martinho da Costa Agra, portanto trineta de Luis da Costa Agra, que é bisavô de Idelfonso). Esteve envolvido na sedição junto com seu sobrinho e cunhado Francisco Lino da Costa Araújo. [3]
  • Joaquim da Costa Araújo, nascido cerca de 1830. Casou com duas filhas de José Ribeiro da Costa e Eleutéria Maria das Dores. O primeiro casamento foi com Joana Eleuteria das Dores. O segundo com Maria Eleutéria das Dores. [3]
  • Manoela da Costa Araújo, minha pentavó, já tratada na postagem Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE. Casada com meu pentavô Antônio Pereira de Carvalho.
Eufrásio foi Major. Em 1837 ficou viúvo. Casou ainda em 1837 com Inocência Maria das Virgens (filha de Martinho da Costa Agra). E com ela teve ao menos mais 8 filhos:
Raimundo da Costa Araújo, Maria Brasilina da Costa Agra, Florinda Ferreira da Costa, João da Costa Araújo, Rita Maria da Costa Agra, Josefa Maria do Carmo, Alexandrina Adelina, Eufrásio da Costa Araújo Filho e Afonso da Costa Araújo (Abrir detalhes).
  • Raimundo da Costa Araújo. [3]
  • Maria Brasilina da Costa Agra. [3]
  • Florinda Ferreira da Costa. [3]
  • João da Costa Araújo, nascido cerca de 1837. Casou a primeira vez com Maria Angélica das Virgens, e a segunda em 1891 com Maria Bezerra Lins. [3]
  • Rita Maria da Costa Agra (também conhecida como Rita Brasilina da Costa Agra). Casou com Francisco Martiniano da Costa Agra (neto de Martinho da Costa Agra e, portanto, trineto de Luis da Costa Agra, que por sua vez era bisavô de Rita). [3]
  • Josefa Maria do Carmo. Não casou, mas teve ao menos 2 filhas naturais. [3]
  • Alexandrina Adelina (ou Alexandrina Linda de Alencar). Casou com Cornélio Carlos Peixoto de Alencar Filho. [3]
  • Eufrásio da Costa Araújo Filho. [3]
  • Afonso da Costa Araújo. [3]
Possuía a fazenda Pintado, com uma légua de terra. Com curral (450$), o sitio Rancharia, com 3 quartos de légua (350$), o sitio Boa Vista (300$) e o sitio Riacho da Garça (250$). [3]
O major Eufrásio fazia parte de uma família muito influente na região: os Costa Araújo, que tratarei em uma postagem futura.

2.2.1- Família Costa Araújo - Antônia

Eufrásio da Costa Araújo, meu hexavô, era filho de Antônia da Costa Agra e um pai cujas documentações atualmente disponíveis não são ainda claras (tratarei sobre isso em uma postagem sobre a família Costa Araújo). Tal marido será ou Simão da Costa Araújo ou Manoel Baptista de Araújo. Antônia nasceu em algum lugar do sertão pernambucano, talvez Cabrobó/PE (sem confirmação ainda). Com seu marido teve os seguintes filhos (não estão em ordem):
Manoel Baptista de Araújo, Luis da Costa Araújo, Eufrásio da Costa Araújo, Manoela e Raimunda da Costa Araújo (Abrir detalhes).
  • Manoel Baptista de Araújo, nascido entre 1789 e 1792. Casou a primeira vez com Florinda Maria de Jesus (talvez uma das filhas de Martinho da Costa Agra), e a segunda vez com Barbara Alexandrina de Melo, neta do fundador da Barbalha.[3]
  • Luís da Costa Araújo. Casou com Teresa Maria de Jesus. [3]
  • Eufrásio da Costa Araújo (já tratado no tópico anterior). [3]
  • Manoela. Casou com um Carvalho. [3]
  • Raimunda da Costa Araújo, nascida cerca de 1793. Casou com Gonçalo José da Silva Peixoto. [3]
  • Barbara Maria de Jesus. Casou com José Antônio de Jesus. [3]
Os documentos envolvendo Antônia não deixam claro se o pai dos filhos dela foi Simão da Costa Araújo ou Manoel Baptista de Araújo. Existe ainda uma hipótese remota de que ela seja na verdade avó, e não mãe, dos 6 filhos aqui mostrados. De qualquer maneira, ela é ancestral dos 6. As teorias e documentos envolvendo essa parte da família serão tratados numa postagem sobre a família Costa Araújo.

3- Mapa com os lugares abordados

  1. Cabrobó - Onde se estabeleceu Luis da Costa Agra e provavelmente nasceu seus descendentes até Martinho.
  2. Parnamirim - Cidade fundada por Martinho da Costa Agra.
  3. Monserrate - Freguesia portuguesa onde nasceu Luis. Hoje faz parte da cidade de Viana do Castelo.
  4. Distrito de Viana do Castelo - Portugal é dividido em distritos (o que para o Brasil equivale aos estados). Sua capital é a cidade de Viana do Castelo.

4- Considerações Finais

Vimos aqui a linhagem da minha bisavó Aurene Malaquias até o português Luis da Costa Agra, meu 8-avô (octavô), que é o patriarca de todos os Agra do Sertão Pernambucano e de Campina Grande/PB. Em trabalhos futuros veremos mais 3 gerações acima, chegando ao mais antigo Agra até então encontrado. Veremos também as famílias agregadas a esta árvore: os Faria Machado e os Rodrigues de Carvalho (pela parte da mãe de José da Costa Agra), bem como as outras agregadas às gerações mais jovens.
Ao contrário do que vejo em algumas comunidades e fóruns, a família Agra proveniente de Luis da Costa Agra, mesmo tendo sido muito rica e importante no sertão, não possui brasão. O brasão verde partido em 4 partes, com 2 montanhas e 2 faixas em diagonal, me parece ter pertencido a José Francisco Gonçalves Agra, que foi um fidalgo da casa real, o que justificaria ter um brasão. José Francisco viveu no século XIX, portanto infelizmente não há qualquer chance de ele ser ancestral de Luis, pois trata-se, quem sabe (pois ainda não tenho comprovação), de um primo, e o fato de um primo receber um brasão e título, não torna toda a sua família nobre, apenas os seus descendentes. A única chance de Luis da Costa Agra também ter ostentado tal brasão seria se: além de descobríssemos um ancestral em comum entre ele e José Francisco, este ancestral possuísse fidalguia. Mas com as informações que temos hoje, me parece mais provável que José Francisco tenha recebido o título por algum serviço prestado à coroa, pois temos no livro "Lágrimas de Saudade", de Esmeraldina Agra: "José Francisco Gonçalves Agra, fidalgo da Casa Real, comendador da Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa, a quem El-Rei deu a carta de Brasão de armas, a ele e aos seus descendentes (...)". Existe, porém, a possibilidade de José Francisco ter solicitado o título e brasão por já os tê-los algum ancestral, e não por ter prestado algum serviço à coroa, mas precisaríamos de alguma prova disso para cogitar a fidalguia de Luis.

O que ainda pode ser feito (inclusive por você)

  1. Os livros paroquiais do sertão pernambucano não estão disponíveis online. Caso um dia venham a estar, ou caso você more na região de Cabrobó e arredores, seria interessante encontrarmos os registros de batismo, casamento e óbito de Martinho e seus ancestrais. Seria importante também encontrar mais documentos sobre Manoel Baptista de Araújo e Simão da Costa Agra, os dois possíveis pais dos filhos de Antônia da Costa Agra.
  2. Se você é descendente de algum dos envolvidos neste post, pode entrar em contato comigo (pvegito@gmail.com) informando a sua linhagem até um destes antepassados, que terei o maior prazer em anexá-los ao conteúdo e árvores do blog.

Referências

  1. Registros paroquiais de Monserrate/Portugal.
  2. Registros da Universidade de Coimbra, obtidos por intermédio da prima Maria das Graças Alves.
  3. "Antigas Famílias do Sertão", do professor Yoni Sampaio.
  4. "Lágrimas de Saudade", de Esmeraldina Agra.
  5. "Vida e Bravura | Origens e Genealogia da Família Alencar", de José Roberto de Alencar Moreira e Raidson Jenner Negreiros de Alencar.
  6. Jornal "Diário Novo", edição de 21 de Março de 1846