sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Dos Agra, de Subportela, aos Costa Agra, de Monserrate

Este post é uma continuação do Dos Costa Agra de Monserrate/Portugal, aos Agra de Parnamirim/PE. Aqui veremos os ancestrais Agra de Luis da Costa Agra, percorrendo 4 gerações para trás, chegando até o mais antigo Agra descoberto até o momento. A genealogia aqui tratada remete aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE, aos Aquino Malaquias, do Rio de Janeiro/RJ, aos Agra de Parnamirim/PE e do restante do sertão pernambucano, além também dos Agra de Campina Grande/PB. É, ainda, possível que essa abrangência chegue a todos os Agra do nordeste, porém, quanto a isto, é uma mera especulação minha.

1- Início da pesquisa

Clique para revelar a introdução (parte pouco relevante em termos de genealogia)
Ao pesquisar o passado do capitão Luis da Costa Agra, meu 8-avô (octavô, e tetravô de Francisca Aurora), eu saí daquela realidade de ter à disposição os livros de genealogia já feitos por pesquisadores, que deixaram um imenso legado de muita informação já reunida, e tive que voltar a garimpar informações em livros paroquiais de batismo, casamento e óbito, pois em Portugal a família de Luis não tinha todo aquele destaque e nem fez parte ativa na história do lugar onde viviam, mesmo aparentando ter boas condições financeiras. Ao menos, como havia chegado a gerações nascidas em Portugal, os livros paroquiais dos anos 1700 e 1600 existiam (e estão online), ao contrário da maioria dos livros paroquiais do Brasil desse período, que estão em sua maioria destruídos ou perdidos, condenando muitas linhagens ao inevitável esquecimento.
Com as informações disponíveis no livro "Antigas Famílias do Sertão", do professor Yoni Sampaio, tive um norte para onde começar a pesquisar (quais freguesias e anos). Com a descoberta do batismo de Luis, segui procurando pelo casamento de seus pais (graças ao testamento do seu tio materno, tinha a informação de que este era da freguesia de Subportela, e tinha o nome dos pais do mesmo). Como os casamentos geralmente ocorrem na freguesia da noiva, foi em Subportela que procurei e encontrei o assento. Ao mostrá-lo à prima Maria das Graças Alves, ela me mostrou uma diligência de habilitação (documento produzido pela igreja, que consistia em uma investigação genealógica para quem tentava seguir carreira clerical, para comprovar que não tinha sangue judeu) de um Francisco da Costa Agra, cujos pais eram exatamente os mesmos que os avós paternos de Luis. Assim, constatamos que Francisco se tratava de um tio dele, e na diligência constava o nome até dos bisavós do habilitado.

Agradecimentos

Obrigado ao professor Yoni Sampaio, cujo livro me norteou para saber por quais livros paroquiais começar a pesquisar. Obrigado à prima Maria das Graças Alves, pela descoberta da diligência de habilitação de Francisco da Costa Agra. Obrigado ao site tombo.pt, por disponibilizar online alguns dos livros paroquiais que necessitei. Obrigado também aos mórmons, por me darem acesso a alguns outros livros paroquiais que não constavam no tombo.pt . Obrigado ao grupo "Genealogia FB", uma grande comunidade no facebook, na qual pesquisadores amadores se ajudam mutuamente, tentando decifrar registros quase indecifráveis que lá postamos (uma ajuda fundamental). E, por fim, obrigado a tia Ana e aos primos do RJ, participantes do grupo "De onde os Malakas vieram", que se interessaram bastante pelo meu trabalho, o que me incentivou a continuar.

2- A pesquisa em si

Como vimos anteriormente, Aurene Malaquias, minha bisavó, era filha de Francisca Aurora, que era filha de Francisco Lino da Costa Araújo, que por sua vez era filho de um casal em que ambos tinham sangue Agra: Geracina Maria do Carmo e Lino da Costa Araújo. Vimos também que Geracina era filha do tenente-coronel Martinho da Costa Agra, que era filho do comandante José da Costa Agra, que era filho do capitão Luis da Costa Agra. Francisca Aurora ainda era filha de Aurora Manoela de Carvalho, que era filha de Manoela da Costa Araújo. E vimos também que Lino e Aurora Manoela eram filhos do major Eufrásio da Costa Araújo, que era filho de Antônia da Costa Agra, que era filha do capitão Luis da Costa Agra. Portanto começaremos com a árvore mostrada acima.

2.1- Família Costa Agra - Manoel

Luis da Costa Agra, meu 8-avô (octavô), era filho de Manoel da Costa Agra e Maria Fernandes (Lima) (que será tratada mais adiante, no tópico 2.3), moradores na Rua Santa Catarina, em Monserrate (hoje parte da cidade de Viana do Castelo, que é a capital do distrito de mesmo nome). Este endereço consta no registro de batismo de Luis [1º reg. à esquerda]. Manoel nasceu em Subportela, 1678 (Batismo Manoel [1º reg. à direita]). Ele casou em 1709 (Casamento Manoel [reg. à esquerda]), em Subportela, mas ao nascimento de Luis a família já aparece como residente em Monserrate (provavelmente Manoel tinha negócios por lá, levando a família a se mudar).
Não encontrei ainda outros filhos do casal, mas há um Antônio da Costa Agra, que aparece como natural da Bahia, estudante em Coimbra em 1734, e filho de um Manoel da Costa Agra. Terá Manoel da Costa Agra vindo para o Brasil junto com Luis e tido mais um filho por aqui? Caso isso se confirme, teríamos um indício de que a família tinha uma boa condição financeira até mesmo antes da geração de Luis (ao contrário de vários outros portugueses, que apenas enriqueceram após a vida aqui no Brasil).
Há ainda um outro fator que, caso seja confirmado, representaria algum status para a família de Manoel, que é o padrinho de Luis, que se chamava Luis Barbosa Rego (referido no batizado como doutor). Há uma pessoa que aparece no livro "Nobiliário de Famílias de Portugal", de Felgueiras Gaio, no titulo de Regos, parágrafo 61, que possui o mesmo nome deste padrinho e que era morador da freguesia de Perre, que fica próxima a Monserrate e Subportela, o que torna plausível de se tratar da mesma pessoa. O trecho do nobiliário está mostrado na imagem acima. Infelizmente não é citado nenhuma data a respeito dessa pessoa no livro, portanto ainda não podemos afirmar isto.
No batismo de Luis também consta uma testemunha chamada Domingos Barbosa Lima. Seria este irmão (ou primo) de Luis Barbosa Rego? Seria ele também parente da mãe de Luis, Maria Fernandes (Lima)? Isso também ainda carece de mais documentos para se chegar a uma conclusão.
Já no casamento de Manoel, temos mais um Barbosa como testemunha: Antônio Pinto Barbosa, e este é citado como sobrinho do Reverendo Abade da igreja de Subportela.
Acima temos a assinatura de Manoel da Costa Agra. Infelizmente há uma parte que parece ter se misturado à assinatura anterior, não sendo possível separá-las.
Em seu casamento ainda há um detalhe importante: é citado que os noivos apresentavam grau de consanguinidade de 3º e 4º grau por um ramo, e ainda de 4º grau por outro ramo. Em outras palavras, eles eram primos, sendo um dos bisavós de um deles o(a) trisavô(ó) do outro, e, além disso, um(a) outro(a) trisavô(ó) também era trisavô(ó) do outro. Isso servirá como base para algumas suposições, tratadas mais à frente no tópico 2.4.
Já em seu batismo, seus padrinhos são Isabel Ribeiro (irmã de sua futura sogra) e Antônio Ribeiro da Costa (possivelmente também irmão de sua futura sogra), o que mostra que sua família e a de sua noiva eram próximas desde antes de seus nascimentos.

2.1.1- Família Vaz Agra - Domingos

Manoel da Costa Agra, meu 9-avô (eneavô), era filho de Domingos Vaz Agra e Maria Ribeiro (que será tratada mais adiante, no tópico 2.2). Domingos nasceu em Subportela/Viana do Castelo, 1649 (Batismo Domingos [1º reg. à direita]). Ele casou em 1674, em Vila Franca/Viana do Castelo, uma freguesia vizinha (Casamento Domingos [2º reg. à esquerda]), mas após casar, trouxe sua esposa para viver em Subportela, em um lugar chamado Cortegaça (onde ele já vivia desde a infância). Com sua esposa teve ao menos 7 filhos:
Francisco da Costa Agra, Manoel da Costa Agra, Maria, Joana, Mariana, Pascoa e Ana Ribeiro da Costa. (Abrir detalhes)
Com os filhos de Domingos, teve início o clã "Costa Agra", tendo o Costa vindo do avô materno das crianças, Pascoal Martins da Costa (tratado mais adiante, no tópico 2.2). Esta junção destes dois sobrenomes segue existindo em alguns de seus descendentes até os dias atuais, atravessando mais de 300 anos no tempo.
Ao lado temos sua assinatura. Nessa época era comum as pessoas se apresentarem, ou até mesmo assinarem, sem seguir à risca seus nomes completos. Assim, é comum encontrar seus nomes e sobrenomes com partes omitidas. Neste caso ele assina apenas como "Domingos Vaz", que é uma forma que aparece na maioria de seus documentos.

2.1.1.1- Famílias Vaz e Gonçalves - Pedro, Maria e seus pais

Domingos Vaz Agra, meu 10-avô (decavô), era filho de Pedro Vaz e Maria Gonçalves. O casal é natural de Subportela, moradores do lugar chamado Cortegaça. Juntos tiveram ao menos 3 filhos:
Maria, Domingos Vaz Agra e André (Abrir detalhes).
Pedro Vaz aparece como padrinho de uma criança em 1640 [1º reg. à direita].
Infelizmente o casamento de Pedro e Maria não foi encontrado. O motivo disso provavelmente está em um "buraco no tempo" existente nos livros de casamento de Subportela, pois o primeiro livro abrange de 1611 a 1639, e o livro seguinte abrange de 1645 a 1680. O período entre 1639 e 1645, portanto, ficou desamparado. Como a primeira filha do casal nasceu em 1646, o casamento teria ocorrido no período perdido. Seus pais, contudo, constam na diligência de habilitação de Francisco da Costa Agra (neto de Pedro e Maria).
Pedro Vaz, meu 11-avô, era filho de Francisco Vaz e Justa Anes, também naturais de Subportela. O casal teve ao menos 4 filhos (não estão em ordem de nascimento):
Pedro, Justa, Antônio e Gonçalo (Abrir detalhes).
Há, ainda, uma Ana Vaz e um Domingos Vaz, que, pelo sobrenome e datas nos documentos, é possível que também sejam filhos, mas não encontrei menção aos pais deles. Ana era de Cortegaça, e aparece como madrinha em 1652 [2º reg. à esquerda]. Domingos aparece como pai em 1663, casado com uma Maria Gonçalves [2º reg. à esquerda]. Há aparentemente um outro Domingos Vaz, pai em 1661, casado com uma Joana do Souto [último reg. à esquerda]. Ou talvez se trate do mesmo Domingos Vaz, caso Joana tenha falecido antes de 1663 e ele casado novamente. Pela geração estimada (nascido por volta de 1640), ele (ou um deles, caso se trate de 2 pessoas diferentes) dificilmente seria filho de Pedro Vaz (ancestral dos Agra), pois este já tinha um outro filho chamado Domingos Vaz, que era bastante jovem em 1661 e 1663, e que casou em 1674 sem nenhuma menção a viuvez. A única possibilidade deste Domingo Vaz se encaixar na árvore, seria se ele fosse pai velho (com 50 ou 60 anos, o que não era improvável), assim ele poderia ser irmão de Pedro Vaz, ancestral dos Agra.
O casamento de Francisco e Justa não foi encontrado. Os livros de casamento de Subportela começam em 1611, e temos um filho nascido em 1617, portanto devem ter casado antes do período em que se registrava, o que significaria que este ramo se encerra por aqui. O filho Gonçalo talvez seja uma chave para se ir mais adiante na genealogia, pois nos registros há um Gonçalo Vaz, pai de uma noiva, que é padre [1º reg. à direita]. Caso se trate do mesmo Gonçalo, há a esperança de se encontrar um dia sua diligência de habilitação, e com isso encontraríamos os seus avós ou até mais.
Maria Gonçalves, minha 11-avó, era filha de Domingos Gonçalves e Margarida Gonçalves, igualmente naturais de Subportela. Não encontrei outros filhos além de Maria.
O sobrenome Agra não aparece em nenhum dos pais ou sogros de Pedro Vaz. Teria Domingos Vaz sido o primeiro da linhagem a adotar o Agra? Às vezes parte dos sobrenomes eram deixados de lado nos registros paroquiais, seria esse o caso? Havia um Francisco Gonçalves da Agra e um Pedro Gonçalves da Agra, já adultos em 1612, seriam estes parentes de Pedro, ou seria já uma outra família que teria adotado o mesmo sobrenome?. Estes 2 Agras, ainda desconexos da árvore, serão tratados melhor no tópico 2.4.
O sobrenome Agra provavelmente surgiu por causa da Serra de Arga (que aparentemente também era chamada por alguns por Serra de Agra, pois encontro as duas formas na internet, podendo esta última ser uma forma arcaica ou uma corruptela popular), localizada a cerca de 20km ao norte de Subportela, na freguesia de Montaria. Acho essa hipótese muito mais plausível do que ter surgido por causa da cidade indiana de Agra, como muitos acreditam.

2.2- Família Martins da Costa e Ribeiro - Maria, seus pais e avós

Como já vimos anteriormente, Manoel da Costa Agra, meu 9-avô, era filho de Domingos Vaz Agra e Maria Ribeiro. Maria nasceu provavelmente em Vila Franca, local onde nasceram suas irmãs. Como já vimos, após casar, Maria foi viver em Subportela, em um lugar chamado Cortegaça (onde seu marido já vivia desde a infância).
Maria Ribeiro, minha 10-avó (decavó), era filha de Pascoal Martins da Costa e Ana Ribeiro. Pascoal nasceu entre 1600 e 1630, em Mujães. Casou com sua esposa em 1647, em Subportela, de onde ela era natural, mas foram morar em Vila Franca, no lugar chamado Figueiredo (Casamento Pascoal [4º reg. à direita]). Juntos tiveram ao menos 3 filhos:
Isabel Ribeiro, Maria Ribeiro e Mariana (Abrir detalhes).
  • Isabel Ribeiro, nascida em 1649, em Vila Franca (Batismo Isabel [Último reg. à direita]). Ela foi madrinha de seu sobrinho Manoel da Costa Agra e possivelmente também madrinha de uma irmã dele, Joana.
  • Maria Ribeiro, minha 10-avó. Não encontrei seu batismo, mas acredito que seja a irmã do meio, pois casou em 1674, e nessa data seria relativamente velha para casar (para os padrões da época) caso tivesse nascido antes de Isabel, e seria bastante nova caso tivesse nascido após Mariana (teria menos de 11 anos).
  • Mariana, nascida em 1663, em Vila Franca (Batismo Mariana [3º reg. à direita]). Casou em 1694 com José Fernandes, com quem tinha 4º grau de consanguinidade (um trisavô em comum). Casamento Mariana [2º reg. à esquerda]
Há ainda um quarto possível irmão, chamado Antônio Ribeiro da Costa, natural de Vila Franca. Ele é, juntamente com Isabel Ribeiro, padrinho de Manoel da Costa Agra. No assento de batismo, ele não é explicitado como filho de Pascoal, como acontece com Isabel, porém a filiação dos padrinhos só é mencionada, de uma maneira geral, quando o mesmo é muito jovem (no caso de homens) ou no caso de ser ainda solteiro (no caso de mulheres). Antônio, portanto, seria já adulto a essa época, não precisando ser citado como filho de seu pai, pois "já era alguém" perante a sociedade. Isabel seria ainda solteira, e caso fosse casada provavelmente apareceria referenciada como "Isabel Ribeiro, mulher de Fulano de Tal", pois naqueles tempos os homens é quem estavam à frente da família.
Pascoal Martins da Costa, meu 11-avó, era filho de Pedro Bacelo e Margarida Fernandes, naturais de Mujães, freguesia vizinha a Subportela. Seus nomes aparecem na diligência de habilitação de Francisco da Costa Agra (neto de Pascoal).
De Pedro Bacelo, temos apenas o nome e sobrenome (que, inclusive, pode se tratar de uma corruptela de Barcelos). Já de Margarida, temos uma história interessante: havia rumores de que ela fosse cristã-nova (judia convertida ao cristianismo), o que motivou uma investigação mais aprofundada sobre ela (a igreja não aceitaria Francisco da Costa Agra, caso descobrissem que algum ancestral dele não fosse cristão-velho). Ao longo das entrevistas que foram feitas com populares de Mujães, se averiguou que a história se tratava de um boato. Tal boato surgira de um apelido pelo qual ela ficou conhecida: “a rendeira”. Pelo que entendi, o pai dela era algo como um coletor de impostos na região, o que deveria provocar muita inimizade por parte da população. Como coletor de impostos, talvez fosse endinheirado, e culturalmente judeus são acumuladores de riquezas, dando margem para as pessoas associarem. Um dos moradores da vila cita, ainda, 3 irmãs de Margarida: Ana, Maria e Justa, todas também apelidadas de rendeiras, mas que, segundo ele, "tiveram bons casamentos" e seus descendentes vivos eram "todos íntegros e cristãos-velhos". Um outro morador cita uma Ângela, que também era conhecida como rendeira, mas não consegui entender se se tratava de mais uma outra irmã.

2.3- Família Fernandes e Gonçalves - Maria e seus pais

Como já vimos, Luis da Costa Agra, meu 8-avô (octavô), era filho de Manoel da Costa Agra e Maria Fernandes. Maria nasceu em 1679, Subportela (Batismo Maria [último reg. à esquerda]), e morava por lá em um lugar chamado Lomba.
Maria Fernandes, minha 9-avó (eneavó), era filha de Manoel Fernandes e Maria Gonçalves. O casal era morador da Lomba, em Subportela. Casaram em 1676 (Casamento Manoel e Maria [2º reg. à esquerda]) e tiveram 3 filhos:
Maria Fernandes, Manoel Fernandes Lima e Antônio Fernandes (Abrir detalhes).
  • Maria Fernandes, minha 9-avó.
  • Manoel Fernandes Lima, nascido em 1683 (não encontrei seu batismo, mas esta data consta em seu inventário, contido no livro "Antigas Famílias do Sertão", do professor Yoni Sampaio). Veio para o Brasil e faleceu solteiro, sem filhos. Como já vimos no post anterior, parte de sua herança ficou para seu sobrinho Luis da Costa Agra.
  • Antônio Fernandes, nascido em 1695 (Batismo Antônio [2º reg. à direita]). Casou em 1726 com Domingas Gonçalves. Casamento Antônio [1º reg. à esquerda]
Apesar de Maria e seus pais aparecerem sempre sem o sobrenome Lima nos documentos, o fato de um de seus irmãos se chamar Manoel Fernandes Lima sugere que tal sobrenome apenas esteja oculto nos documentos (como acontecia regularmente nessa época). Não se sabe, contudo, se o Lima veio de Manoel Fernandes ou de Maria Gonçalves.
Infelizmente no casamento de Manoel e Maria não são citados seus pais. Também não são citados os avós de seus filhos em seus batismos. Assim, este ramo provavelmente termina por aqui.

2.4- Possíveis outros parentes (suposições)

Aqui deixo vários registros que encontrei, contendo pessoas de sobrenomes suspeitos de serem parentes dos ancestrais aqui tratados. Deixo também algumas teorias de que parentescos poderiam ter. (Abrir detalhes)
Aqui deixo vários registros que encontrei, contendo pessoas de sobrenomes suspeitos de serem parentes dos ancestrais aqui tratados. Deixo também algumas teorias de que parentescos poderiam ter.

2.4.1- Parentesco entre Manoel da Costa Agra e Maria Fernandes

Comecemos com as pessoas que podem significar um elo entre Manoel e Maria, pois, como já vimos, consta no casamento que são primos de grau 3 e 4 por um ramo, e ainda de grau 4 por outro ramo. Com os documentos que encontrei, aventei 3 teorias.
Teoria 1: Manoel Fernandes teria algum parentesco com Margarida Fernandes, por conta do sobrenome Fernandes.
Teoria 2: Maria Gonçalves (esposa de Pedro Vaz) teria algum parentesco com Maria Gonçalves (esposa de Manoel Fernandes), por conta do sobrenome Gonçalves, podendo esta ser sobrinha de Domingos Gonçalves ou Margarida Gonçalves (sendo assim, o grau misto de 3 e 4 seria satisfeito) ou então sobrinha-neta de um dos mesmos (sendo assim, o grau 4 seria satisfeito). Porém, deve-se considerar isso com cautela, pois Gonçalves é o sobrenome mais comum em Subportela nessa época.
Há um Francisco Fernandes Agra, casado com uma Ana Gonçalves Lima, pais de uma noiva chamada Maria de Lima, que casa em 1684 [2º reg. à direita]. O casal volta a aparecer no casamento de uma outra filha, Domingas de Lima, em 1692 [2º reg. à direita]. Com isso temos a Teoria 3: Pedro Vaz ou sua esposa (pois um dos dois possui ocultamente o sobrenome Agra) teria algum parentesco com Manoel Fernandes ou sua esposa, pois pelos sobrenomes e geração estimada de Francisco Fernandes Agra e Ana Gonçalves Lima (que seriam da G2, isto é, nascidos por volta de 1620) eles poderiam ser pais de um dos dois, como mostra a figura ao lado.

2.4.2- Outros possíveis pais e irmãos

Vejamos agora outras pessoas que podem ter algum parentesco de menor impacto com os já presentes na árvore.
  • Há, talvez, dois Pedros Vaz, pais de crianças nascidas em 1616. O estranho é que a diferença entre o batismo das crianças é de apenas 3 dias (uma nasceu no dia 24 a outra no dia 27 de março). Infelizmente o padre não escreveu o nome da mãe em nenhum dos dois assentos (escreveu apenas: "filho de Pedro Vaz e sua mulher"). Seria, talvez, um só Pedro Vaz, pai de gêmeos, que por algum motivo foram batizados com 3 dias de diferença? Pela geração estimada e sobrenome, é possível que ele (ou um deles) seja irmão de Francisco Vaz (ancestral dos Agra). [2º e 3º reg. à direita]
  • Um destes Pedros foi pai também em 1613, mas infelizmente o nome da esposa também não aparece [4º reg. à direita].
  • Há um Pedro Vaz casado com uma Maria Gonçalves, pais de uma criança em 1618. Esta Maria Gonçalves pode ser a tal esposa que teve o nome omitido nos outros documentos. Apesar de ter o mesmo nome da Maria, ancestral dos Agra, é uma coincidência irrelevante, pois Subportela nessa época era repleta de Marias Gonçalves (estes eram os nome e sobrenome mais comuns nessa região e tempo). [3º reg. à esquerda]
  • Há um Pedro Vaz, pai de uma criança em 1620. O nome da esposa foi mais uma vez omitido. Acredito que seja o mesmo Pedro citado nos 3 pontos anteriores. O espaçamento entre os nascimentos dos filhos está se encaixando perfeitamente nos padrões da época (vários filhos, nascidos a cada 2 anos aproximadamente). [1º reg. à direita]
  • Há um Pedro Vaz, este em Vila Franca, que no ano de 1656 foi pai de uma criança. Sua esposa não é citada. Este não se encaixa em nenhuma hipótese, portanto acredito que não seja parente próximo dos Agra. [2º reg. à direita]
  • Há um Gonçalo Vaz, da Cortegaça, em Subportela, que engravida uma moça solteira de Vila Franca em 1646. Seria o mesmo Gonçalo Vaz, filho de Francisco Vaz? [3º reg. à esquerda]
  • Há um padre Gonçalo Vaz, de Subportela, pai de uma Isabel Vaz que casa em 1683. Seria ainda o mesmo Gonçalo? [1º reg. à direita]
  • Há um Domingos Vaz, nascido em 1702, filho de um outro Domingos Vaz e uma Maria (talvez Ribeiro, não está muito legível o documento). Seria um irmão caçula de Manoel da Costa Agra? [último reg. à direita]
  • Há um padre Pedro Vaz, padrinho de uma criança em 1646 em Vila Franca. Não sei como poderia encaixá-lo na árvore, parece ser da geração de Pedro Vaz, ancestral dos Agra, mas é de Vila Franca, e seria impossível Pedro ter um irmão com mesmo nome (ambos sendo vivos). Aparentemente em Vila Franca havia uma família Vaz, que não se sabe se tem parentesco com a de Subportela. [1º reg. à direita]
  • Há um Francisco Afonso da Agra, pai de uma Catarina, que foi madrinha de uma criança em 1626, em Vila Franca [2º reg. à direita]. Pela geração estimada e sobrenome, este poderia ser pai de Francisco Vaz, mas considero a possibilidade um pouco mais fraca que os outras possíveis já citadas, pois Francisco Afonso é de Vila Franca.
  • Não tenho certeza, mas me parece que há uma Justa Ribeiro da Agra, mãe de uma criança em 1626, em Vila Franca. A madrinha dessa criança é uma Paula Vaz.[4º reg. à esquerda]
  • Há um Francisco Gonçalves Agra casando com uma Catarina da Fonseca em 1612 [1º reg. à direita]. Ele é pai de uma menina chamada Catarina em 1628 [5º reg. à direita]. Ele falece em 1639 [5º reg. à direita].
  • Há um outro Francisco Gonçalves Agra casado com uma Maria Gonçalves. Eles são pais de uma criança chamada Manoel em 1683 [4º reg. à esquerda]. Seria este um filho, ou quem sabe neto, do Francisco Gonçalves Agra visto anteriormente?
  • Há também um Pedro Gonçalves da Agra, casado com uma Catarina Gonçalves, pais de uma criança nascida em 1613 [3º reg. à direita].
  • Já sobre a família Fernandes, existe um Antônio Fernandes, morador da Lomba, com uma filha batizada em 1646, que pode ser o pai de Manoel Fernandes, pois não há muitos Fernandes em Subportela. Manoel inclusive tem um filho chamado Antônio, o que poderia ser uma homenagem ao avô da criança. Batismo Maria [2º reg. à direita]
  • Há também um André (ou Antônio?) Fernandes, da Lomba, Subportela, pai de uma criança batizada em 1650. A mãe da criança aparece como Isabel Rodrigues. Seria o casal Antônio Fernandes e Isabel Gonçalves (tendo o padre se equivocado e escrito Rodrigues), possíveis pais de Manoel Fernandes? Ou quem sabe poderia ser um André Fernandes (coincidentemente também casado com uma Isabel), possível irmão de Antônio Fernandes? [3º reg. à direita]

3- Mapa com os lugares abordados

  1. Distrito de Viana do Castelo - Portugal é divido em distritos (aqui no Brasil seria o equivalente aos estados).
  2. Concelho de Viana do Castelo - Os distritos são divididos em Concelhos.
  3. Monserrate - Os concelhos são divididos em freguesias. Monserrate foi a freguesia onde nasceu Luis da Costa Agra. Hoje esta freguesia faz parte da cidade de Viana do Castelo (a capital do concelho e do distrito, que também se chamam Viana do Castelo).
  4. Subportela - Freguesia onde nasceram e viveram a maior parte dos ancestrais de Luis.
  5. Vila Franca - Freguesia onde foi morar Pascoal Martins da Costa e Ana Ribeiro. E onde nasceram suas filhas.
  6. Mujães - Freguesia onde nasceu Pascoal e seus pais, Pedro Bacelo e Margarida Fernandes.
  7. Montaria - Freguesia cujo território engloba parte da Serra de Arga, lugar que pode ter originado o sobrenome Agra.
  8. Perre - Freguesia onde vivia o padrinho de Luis (caso seja comprovado que ele é o mesmo que aparece no nobiliário de Felgueiras Gaio), que se chamava Luis Barbosa Rego.

4- Considerações Finais

Vimos aqui a linhagem da minha bisavó Aurene Malaquias até o português Francisco Vaz, meu 12-avô, que é o Agra mais antigo encontrado até o momento (nascido provavelmente entre 1570 e 1590), sendo ele ancestral de todos os Agra do Sertão Pernambucano e de Campina Grande/PB. Não sei se será possível avançar mais nos ramos aqui abordados, pois os livros paroquiais mais antigos de Subportela que existem online são de 1611.

O que ainda pode ser feito (inclusive por você)

  1. Existe um exame de DNA que analisa o cromossomo Y, o qual é passado apenas de pai para filho (linha exclusivamente masculina). Isso quer dizer que qualquer descendente em linha exclusivamente masculina de Francisco Vaz (trisavô paterno de Luis da Costa Agra) terá o mesmo cromossomo Y que ele e seus ancestrais masculinos. É um exame caro (cerca de 350 dólares), mas que com o interesse de vários familiares, poderíamos dividir o valor. Há um primo nosso que vive em MG, que preenche esse perfil (ele é filho de Antônio da Costa Agra, que era filho de Martinho Martiniano da Costa Agra, que era filho de Martiniano da Costa Agra, que era filho de Martinho da Costa Agra, que, como já vimos aqui no blog, é descendente em linha exclusivamente masculina de Francisco Vaz, o Agra mais antigo até agora encontrado). Podemos encomendar o exame para ele (ou qualquer outro primo que preencha esse requisito), e assim saberemos, por exemplo, se os ancestrais mais antigos de Pedro vieram da Índia ou, de fato, de Portugal.
  2. Seria interessante encontrar a diligência de habilitação do padre Gonçalo Vaz. Se ele for filho de Francisco Vaz, conseguiremos avançar mais uma geração (pais de Francisco), pois nesses documentos sempre há o nome dos pais e avós, e, às vezes até outros ancestrais mais. Um dos possíveis lugares onde há chances de se encontrar tal documento, será no site da Torre do Tombo (http://digitarq.arquivos.pt/).
  3. Se você é descendente de algum dos envolvidos neste post, pode entrar em contato comigo (pvegito@gmail.com) informando a sua linhagem até um destes antepassados, que terei o maior prazer em anexá-los ao conteúdo e árvores do blog.

Referências

  1. Registros paroquiais de Monserrate/Portugal.
  2. Registros paroquiais de Subportela/Portugal.
  3. Registros paroquiais de Vila Franca/Portugal.
  4. Registros paroquiais de Mujães/Portugal.
  5. Diligência de habilitação de Francisco da Costa Agra, a qual me foi apresentada pela prima Maria das Graças Alves.
  6. Registro da Universidade de Coimbra de Antônio da Costa Agra, obtido por intermédio da prima Maria das Graças Alves.

domingo, 9 de julho de 2017

Dos Costa Agra de Monserrate/Portugal, aos Agra de Parnamirim/PE

Este post é uma continuação do Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE. Aqui veremos os ancestrais Agra de Geracina Maria do Carmo, Lino da Costa Araújo e Manoela da Costa Araújo, percorrendo 3 gerações para trás, chegando até Luís da Costa Agra, o português imigrante. Os ancestrais de Luís abordarei num próximo post. A genealogia aqui tratada remete não só aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE, e aos Aquino Malaquias, do Rio de Janeiro/RJ, mas a todos os Agra de Parnamirim/PE e do restante do sertão pernambucano, além também dos Agra de Campina Grande/PB. É, ainda, possível que essa abrangência chegue a todos os Agra do nordeste, porém, quanto a isto, é uma mera especulação minha.

1- Início da pesquisa

Clique para revelar a introdução (parte pouco relevante em termos de genealogia)
Durante a pesquisa que eu já vinha fazendo, ao chegar no tenente-coronel Martinho da Costa Agra, meu hexavô (e bisavô de Francisca Aurora), vários horizontes se abriram, pois, como ele foi uma pessoa histórica local, havia livros e outras publicações a seu respeito, além de comunidades na internet.
Num desses fóruns e comunidades, conheci o primo Herivelton Agra, morador de Parnamirim e pesquisador da família. Graças a ele consegui alguns livros (como o "Antigas Famílias do Sertão", do professor Yoni Sampaio, entre outros) e contatos, como os da prima pesquisadora Onara Peixoto de Alencar. Por um desses conheci também uma outra prima Maria das Graças Alves, e pelo FamilySearch.org conheci uma outra mais, Ingrid Lopes Neuman. Com essas 3, pude debater e trocar mais algumas informações para consolidar este trabalho. Pela internet também encontrei o livro "Lágrimas de Saudade", da também prima Esmeraldina Agra (in memorian), que embora trate com foco nos Agra que se radicaram em Campina Grande, fala dos que os antecederam (que se tratam dos mesmos que antecederam os de Parnamirim).
Nesta etapa da pesquisa, a qual começou a adentrar livros, percebi um novo obstáculo: os mitos. Os livros são baseados em documentos, mas algumas lacunas são preenchidas pela tradição oral passada pelas gerações (alguns livros se baseiam unicamente nisto), que são histórias importantes e quase sempre verdadeiras, mas, às vezes, são distorcidas proporcionando o surgimento de mitos. Com a descoberta de novos documentos, alguns desses mitos foram quebrados, e disso tratarei ao longo do post. E quanto aos ancestrais que aqui constam (e em todas as outras postagens), apenas selecionei os que possuem vínculo genealógico comprovado documentalmente.
Algo que me marcou nesta etapa foi que pude retribuir pela primeira vez com toda a comunidade que pesquisa os Agra, com a descoberta da certidão batismo de Luis da Costa Agra nos livros paroquiais (que estão online) de Monserrate/Portugal, o que revelou o verdadeiro nome do seu pai, e derrubou o mito de que Luis seria filho de um tal engenheiro hindu chamado Bernardo da Costa Agra.

Agradecimentos

Obrigado ao grande primo Herivelton Agra, morador de Parnamirim/PE e detentor do maior acervo da família Agra, o qual complementou bastante minhas pesquisas com documentos e livros que ele tem. Obrigado ao professor Yoni Sampaio, pela gigantesca pesquisa que faz ao longo de muitos anos a qual foi compilada em alguns livros, que me foram cedidos. Obrigado à prima Esmeraldina Agra (in memorian, a qual infelizmente não tive a felicidade de conhecer), por ter publicado o livro "Lágrimas de Saudade", mesmo tendo cerca de 90 anos na época, preservando toda a história oral passada por sua mãe, contado de uma maneira bastante sentimental e emocionante. Obrigado também às primas Maria das Graças Alves, Ingrid Lopes Neuman e Onara Peixoto de Alencar, com as quais troquei diversas informações, todas as 3 pesquisadoras e também descobertas pela pesquisa. Obrigado ao grupo "Genealogia FB", uma grande comunidade no facebook, na qual pesquisadores amadores se ajudam mutuamente, tentando decifrar registros quase indecifráveis que lá postamos (uma ajuda fundamental). Obrigado aos meus amigos Cícero George Bezerra Monteiro e Júlio Cezar Monteiro Gomes pela companhia e ajuda nos custos da viagem que fizemos a Parnamirim/PE para finalmente conhecer a terra dos meus antepassados e enriquecer esta postagem com algumas fotos. E, por fim, obrigado a tia Ana e aos primos do RJ, participantes do grupo "De onde os Malakas vieram", que se interessaram bastante pelo meu trabalho, o que me incentivou a continuar.

2- A pesquisa em si

Como vimos anteriormente, Aurene Malaquias, minha bisavó, era filha de Francisca Aurora, que era filha de Francisco Lino da Costa Araújo, que por sua vez era filho de um casal em que ambos tinham sangue Agra: Geracina Maria do Carmo e Lino da Costa Araújo. Francisca Aurora ainda era filha de Aurora Manoela de Carvalho, que era filha de Manoela da Costa Araújo, também descendente dos Agra. Portanto começaremos com a árvore mostrada acima.

2.1- Família Costa Agra - Martinho

Geracina Maria do Carmo, minha pentavó, era filha do comandante superior, tenente-coronel Martinho da Costa Agra e Josefa Maria do Carmo (que deixarei para tratar numa postagem própria da família Alves Viana), moradores na fazenda do Saco. Martinho nasceu cerca de 1780, em algum lugar pelo sertão pernambucano, possivelmente Cabrobó/PE (sem confirmação ainda). Com sua esposa teve 11 filhos (não estão em ordem):
Joaquina Florinda, Ernesto, Geracina, José, Joaquim, Martiniano, Inocência, Joaquina, Balbina, Hermínia e Ana. (Abrir detalhes)
  • Joaquina Florinda Agra. Foi segunda esposa de Luís Pereira de Alencar Filho (neto de Joaquim Pereira de Alencar, bisavô de Joaquina Florinda, que será tratado numa postagem sobre a família Alencar). [3]
  • Ernesto da Costa Agra, nascido cerca de 1822. Casou com Maria Adelina Agra Lima (bisneta de Luís da Costa Agra, também bisavô de Ernesto, que será tratado no tópico 2.1.1.1) [3]
  • Geracina Maria do Carmo, minha pentavó, nascida em 1823, já tratada na postagem Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE. Casou 3 vezes: a primeira com José Leonel de Alencar (neto de Joaquim Pereira de Alencar, bisavô de Geracina), a segunda com meu tetravô Lino da Costa Araújo (bisneto de Luís da Costa Agra, também bisavô de Geracina, que será tratado no tópico 2.1.1.1) e a terceira com Josino Ribeiro Torres (também bisneto de Luís da Costa Agra)
  • José da Costa Agra (em homenagem ao pai de Martinho). Foi capitão. Casou com Jacinta Maria da Conceição. Foi presidente da Câmara Municipal de Santa Maria e em 26/07/1846 instala a primeira Câmara Municipal de Exu. Morador no sítio Jacu. É ancestral dos "Aquino Malaquias", do Rio de Janeiro/RJ. [3]
  • Joaquim da Costa Agra, nasceu cerca de 1815. Foi major. Foi segundo marido de Eufrásia Guilhermina Lima (bisneta de Luís da Costa Agra, também bisavô de Joaquim, que será tratado no tópico 2.1.1.1). [3]
  • Martiniano da Costa Agra. Foi capitão. Provavelmente casado com Rita Cândida Agra das Virgens (bisneta de Luís da Costa Agra, também bisavô de Martiniano, e irmã dos meus pentavós Lino da Costa Araújo e Manoela da Costa Araújo, já tratados na postagem Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE). É ancestral dos "Aquino Malaquias", do Rio de Janeiro/RJ. [3]
  • Florinda Maria de jesus. Casou com Manoel Baptista de Araújo (bisneto de Luís da Costa Agra, que também era bisavô de Florinda). É ancestral dos "Aquino Malaquias", do Rio de Janeiro/RJ. [3]
  • Inocência Maria das Virgens. Foi segunda esposa do major Eufrásio da Costa Araújo (pai dos meus pentavós Lino da Costa Araújo e Manoela da Costa Araújo, e neto de Luís da Costa Agra, bisavô de Inocência). [3]
  • Balbina Florinda da Costa Agra. Casou com Alexandre Carlos da Silva Peixoto (bisneto de Luís da Costa Agra, que também era bisavô de Florinda). [3]
  • Hermínia Francina Agra. Casou com o Dr. Miguel Gonçalves Lima. [3]
  • Ana. Provavelmente uma Ana Idalina Agra, que aparece como casada com Antônio Ferreira Lustosa. [3]
Vivia com esposa e filhos na Fazenda do Saco, a qual passou a ser conhecida como Saco do Martinho, que depois passou a ser sede de freguesia, depois Município de Leopoldina, para só então depois tornar-se Parnamirim. Antes de tornar-se município, era parte do território de Cabrobó/PE.
Restos mortais de Martinho da Costa Agra, na Igreja Matriz
Segundo o historiador Sebastião Galvão, Martinho era um cidadão abastado e religioso. Com licença do diocesano D. João da Purificação Marques Perdigão, resolveu edificar em sua propriedade, em 1847, uma capela sob a invocação de Santana e com pequenos intervalos contratava um sacerdote para celebrar missas ali. Este fato fez com que pessoas de lugares mais distantes se aproximassem, e congregando-se neste ponto várias fazendas transformaram em pouco tempo a fazenda em povoado.
Martinho esteve envolvido na revolução de 1817, na campanha contra Fidié em 1822, no Maranhão, e na Confederação do Equador em 1824. Sua tia, Bárbara de Alencar, foi uma das figuras de destaque na revolução de 1817, sendo a primeira prisioneira política do Brasil. Também estiveram envolvidos seus primos legítimos José Martiniano Pereira de Alencar, Tristão Gonçalves (ambos filhos de Bárbara), Luís Pereira de Alencar e Leonel Pereira de Alencar (este foi cruelmente assassinado em 1824, em uma emboscada feita em sua casa, da qual escapou apenas sua esposa grávida e alguns filhos pequenos). [3][5]
Marcas na parede do ferro de marcar gado da família.
Segundo Herivelton Agra, Martinho possuía, além da Fazenda do Saco, outras 15 propriedades. Uma delas se chamava Humaitá, a qual seria um local estratégico para esconder-se nos tempos conturbados. A casa em Humaitá fica no topo de um morro, em cima do qual era possível avistar o núcleo populacional (que futuramente viria a ser a cidade de Parnamirim/PE) e também outras propriedades. Esta casa (a qual eu visitei as ruínas pessoalmente), possuía em sua estrutura uma viga, a qual não era necessária para uma casa normal. Segundo Herivelton, a razão deste tronco existir era sustentar um sótão secreto (o qual não existe mais, desabado pelo tempo), no qual Martinho poderia esconder-se.
Fotos da casa de Humaitá.
A casa possuía um quarto sem janelas, provavelmente para prender e castigar inimigos ou escravos, no qual havia um tronco no teto para acorrentar-lhes as mãos.
Por dentro, é possível encontrar armadores de rede em bom estado de conservação.
A capela foi uma construção feita posteriormente, por um filho de Martinho que herdou a propriedade.
Herivelton possui a chave da casa, dada à sua mãe por dona Alvezi Agra (descendente do filho herdeiro). Temos também um prego antigo encontrado por lá.

2.1.1- Família Costa Agra - José

Martinho da Costa Agra, meu 6-avô (hexavô), era filho do comandante José da Costa Agra e Iria Francisca de Alencar (que deixarei para tratar numa postagem própria da família Alencar). Não se sabe ainda o ano em que José nasceu, nem o local exato (mas foi no sertão pernambucano), possivelmente Cabrobó/PE (sem confirmação ainda). Faleceu em 1812. Viveu com sua família entre Granito/PE e Parnamirim/PE. Com sua esposa teve ao menos 5 filhos (não estão em ordem):
Francisca de Alencar, Martinho da Costa Agra, Manoel da Costa Agra, Francisco da Costa Agra e Maria Cândida da Costa Agra. (Abrir detalhes)
  • Francisca de Alencar. Casou com José Antônio da Conceição Barreto. [3]
  • Martinho da Costa Agra (já tratado no tópico anterior).
  • Manoel da Costa Agra. Casou com Teresa de Jesus, tendo apenas 1 filha, a qual faleceu ainda bebê. [3]
  • Francisco da Costa Agra. Comandante. Casou com Rita Maria da Conceição, irmã da minha hexavó Josefa Maria do Carmo (esposa de Martinho). É ancestral dos (acredito que todos) Agras de Campina Grande/PB. Juntamente com Martinho, foi envolvido nas instabilidades políticas de 1822, com a campanha contra Fidié, no Maranhão, e de 1824, a Confederação do Equador. [3][4]
  • Maria Cândida da Costa Agra. Casou com José Ribeiro Granja (ambos netos de Luís da Costa Agra, que será tratado no tópico 2.1.1.1). [3]
Apesar de nunca ter sido encontrado o registro de batismo, nem o de casamento e nem o de óbito, de Martinho, há alguns processos em que tanto ele, quanto seus irmãos, se declaravam filhos de José da Costa Agra e Iria Francisca de Alencar. Destes irmãos, alguns já foram encontrados os registros de casamento, constando a mesma informação. Não foi encontrado ainda também o registro de casamento de José, mas já foram encontrados registros de batismo em que ele e sua esposa são padrinhos (constando explicitamente a informação de que são casados), além também de outros documentos em que consta Iria como viúva de José. Há também uma nota no jornal Diário Novo, edição de 21 de Março de 1846, onde um de seus netos (que tinha o mesmo nome do avô) fala de seus pais e avós.
José foi Comandante do distrito do Riacho da Brígida de Cabrobó. Também era chamado de doutor, pois se formou em direito na universidade de Coimbra (e tinha o apelido no sertão de "O Coimbrão"). Não foi encontrado ainda seu diploma, mas foi encontrado (pela prima Maria das Graças Alves) o do seu irmão, Francisco, que também estudou lá (ambos aparecem em alguns processos como ausentes do Brasil, por estarem estudando em Coimbra).

2.1.1.1- Família Costa Agra - Luis

José da Costa Agra, meu 7-avô (heptavô), era filho de Luis da Costa Agra e Ana Micaela de Faria Machado, também conhecida como Ana Micaela de Souza (que tratarei sobre ela e seus ancestrais em uma postagem sobre as famílias Faria Machado e Rodrigues de Carvalho). Luis nasceu em Monserrate, Viana do Castelo/Portugal, em 1717 (Batismo Luis [1o reg. esquerda]). Veio ainda jovem e solteiro para Pernambuco, onde constituiu família e viveu nas fazendas Cocossó, Caraíbas e Curralinho. Com sua esposa teve ao menos 4 filhos (não estão em ordem):
José da Costa Agra, Brígida da Costa Agra, Francisco da Costa Agra e Antônia da Costa Agra (Abrir detalhes).
  • José da Costa Agra (já tratado no tópico anterior).
  • Brígida da Costa Agra (também conhecida como Brígida Micaela Granja). Casou com Bernardo Ribeiro Granja, tronco da família Granja. [3]
  • Francisco da Costa Agra. Formado em direito pela universidade de Coimbra.
  • Antônia da Costa Agra. Avó paterna dos meus pentavós Lino e Manoela da Costa Araújo, como será visto mais adiante. Casada com Manoel Baptista de Araújo ou com Simão de Araújo Costa (os documentos não são claros).
Os registros de nascimento, casamento e óbito de José da Costa Agra ainda não foram encontrados, mas consta em diversos outros documentos a sua filiação como sendo Luis da Costa Agra e Ana Micaela de Faria Machado. Como exemplo, em 1813 há uma ação judicial movida pelo coronel Joaquim de Araújo Ribeiro contra a família de José da Costa Agra, por uma disputa pela fazenda Rancharia. "(...) Coronel Joaquim de Araújo Ribeiro contra Iria Pereira de Alencar, Martinho da Costa Agra, José Antonio da Conceição Barreto, Jo...[José Ribeiro Granja], ...., viúva e herdeiros do falecido José da Costa Agra. O dito falecido Agra era filho dos também falecidos Luis da Costa Agra e sua mulher Ana Micaela de Souza. (...)". [3]
Luis da Costa Agra veio ao Brasil muito provavelmente por conta de seu tio Manoel Fernandes Lima, que possuía propriedades, incluindo a fazenda Cocossó, a qual ele herdou (seu tio não fora casado e nem tivera filhos). Tudo indica que foi muito rico e influente, pois além de ter tido 2 filhos estudando em Coimbra, casou com Ana Micaela, que era filha da riquíssima Brígida (há inclusive um rio com o nome dela). Luis também foi Juiz de Paz e atuou em inúmeros processos, além de ter sido capitão. [3]
O Batismo Luis [1o reg. esquerda] não tinha sido encontrado até pouco tempo. O que se tinha até o momento eram alguns documentos nos quais ele declarava sua idade (o que indicava que ele teria nascido cerca de 1717), um batismo de um filho seu que informava a naturalidade de Luis (Monserrate/Portugal) e os nomes dos avós (porém essa parte estava bem estragada, só sendo possível ver que o sobrenome do pai dele era "Costa Agra" e o nome de sua mãe era Maria Fernandes) e o testamento de seu tio materno, no qual constava que ele era tio de Luis e que tinha uma irmã chamada Maria Fernandes em Portugal. Havia, então, uma lenda de que o pai de Luis fosse um tal engenheiro hindu Bernardo da Costa Agra (inclusive em um livro era afirmado como sendo verdade, mas sem a menção a fonte nenhuma), e que este seria natural de Agra, na Índia. Porém resolvi pesquisar nos livros disponíveis online de Monserrate, e encontrei um batismo de um Luis, nascido em 1717, filho de um Manoel da Costa Agra e de uma Maria Fernandes. E para corroborar ainda mais, encontrei a certidão de casamento do casal, na qual constava o nome dos pais de Maria Fernandes, que eram os mesmos que declarava Manoel, o tio materno de Luis. O pai de é, de fato, Manoel da Costa Agra, português, e não Bernardo, o indiano. Sobre Manoel e outros ancestrais, trataremos numa outra postagem.

2.2- Família Costa Araújo - Eufrásio

Lino da Costa Araújo e Manoela da Costa Araújo, meus pentavós, eram filhos de Eufrásio da Costa Araújo e Maria Angélica Ferraz (que tratarei em uma postagem sobre a família Souza Ferraz). Eufrásio nasceu cerca de 1793, em algum lugar do sertão pernambucano. Com sua esposa viveu na fazenda Pintado e tiveram os seguintes filhos:
José da Costa Araújo, Jacinta da Costa Agra, Maria, Antônia, Lino da Costa Araújo, Josefina, Rita, Ildefonso da Costa Araújo, Joaquim da Costa Araújo, Manoela da Costa Araújo (Abrir detalhes).
  • José da Costa Araújo, casado com Maria Florinda de Alencar. Não consta na lista de herdeiros do inventário de Maria Angélica, provavelmente por ser de maior na época (a lista de herdeiros pode ser, na verdade, uma lista de órfãos). Seu nome consta na partilha das terras da Fazenda Saco, ocorrida em 1902 entre os herdeiros de Eufrásio, e aparece como sendo filho do primeiro casamento. [3]
  • Jacinta da Costa Agra, falecida em 1883, casada com José da Costa Agra. Também não consta na lista de herdeiros do inventário de Maria Angélica, provavelmente por também ser de maior na época, mas consta, assim como seu irmão José, entre os filhos do primeiro casamento na partilha de 1902. Seu nome, Jacinta, é o mesmo de sua avó materna, configurando uma homenagem. [3]
  • Maria, nascida cerca de 1819. Provavelmente se trata de uma Maria Angélica das Virgens. Maria consta na lista de herdeiros do inventário de sua mãe, mas por algum motivo não consta na partilha de 1902 (provavelmente era falecida e sem filhos, o que justificaria esta ausência). [3]
  • Antônia, nascida cerca de 1821. Provavelmente se trata de uma Antônia Maria das Virgens, que casou com Jó Baptista de Araújo (sobrinho de Eufrásio), tendo o casal uma filha chamada Maria Angélica Auta das Virgens, uma provável homenagem à avó da criança. Antônia ficou viúva em 1861, e, dos filhos do primeiro casamento de Eufrásio, era a única viva em 1902. [3]
  • Lino da Costa Araújo, meu pentavô, já tratado na postagem Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE. Nascido em 1823 e casado com minha pentavó Geracina Maria do Carmo (filha de Martinho da Costa Agra, portanto bisneta de Luis da Costa Agra que é bisavô de Lino).
  • Josefina, nascida cerca de 1826. Provavelmente se trata de uma Josefina Auta das Virgens, que casou com Francisco Cardoso de Miranda. [3]
  • Rita, nascida cerca de 1827. Provavelmente se trata de uma Rita Cândida das Virgens, que casou com o capitão Martiniano da Costa Agra (filho de Martinho da Costa Agra, portanto bisneto de Luis da Costa Agra que é bisavô de Rita). [3]
  • Ildefonso da Costa Araújo, nascido cerca de 1829. Em 1860 morador na fazenda Pintado. Casado com Josefa Maria do Carmo (neta de Martinho da Costa Agra, portanto trineta de Luis da Costa Agra, que é bisavô de Idelfonso). Esteve envolvido na sedição junto com seu sobrinho e cunhado Francisco Lino da Costa Araújo. [3]
  • Joaquim da Costa Araújo, nascido cerca de 1830. Casou com duas filhas de José Ribeiro da Costa e Eleutéria Maria das Dores. O primeiro casamento foi com Joana Eleuteria das Dores. O segundo com Maria Eleutéria das Dores. [3]
  • Manoela da Costa Araújo, minha pentavó, já tratada na postagem Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE. Casada com meu pentavô Antônio Pereira de Carvalho.
Eufrásio foi Major. Em 1837 ficou viúvo. Casou ainda em 1837 com Inocência Maria das Virgens (filha de Martinho da Costa Agra). E com ela teve ao menos mais 8 filhos:
Raimundo da Costa Araújo, Maria Brasilina da Costa Agra, Florinda Ferreira da Costa, João da Costa Araújo, Rita Maria da Costa Agra, Josefa Maria do Carmo, Alexandrina Adelina, Eufrásio da Costa Araújo Filho e Afonso da Costa Araújo (Abrir detalhes).
  • Raimundo da Costa Araújo. [3]
  • Maria Brasilina da Costa Agra. [3]
  • Florinda Ferreira da Costa. [3]
  • João da Costa Araújo, nascido cerca de 1837. Casou a primeira vez com Maria Angélica das Virgens, e a segunda em 1891 com Maria Bezerra Lins. [3]
  • Rita Maria da Costa Agra (também conhecida como Rita Brasilina da Costa Agra). Casou com Francisco Martiniano da Costa Agra (neto de Martinho da Costa Agra e, portanto, trineto de Luis da Costa Agra, que por sua vez era bisavô de Rita). [3]
  • Josefa Maria do Carmo. Não casou, mas teve ao menos 2 filhas naturais. [3]
  • Alexandrina Adelina (ou Alexandrina Linda de Alencar). Casou com Cornélio Carlos Peixoto de Alencar Filho. [3]
  • Eufrásio da Costa Araújo Filho. [3]
  • Afonso da Costa Araújo. [3]
Possuía a fazenda Pintado, com uma légua de terra. Com curral (450$), o sitio Rancharia, com 3 quartos de légua (350$), o sitio Boa Vista (300$) e o sitio Riacho da Garça (250$). [3]
O major Eufrásio fazia parte de uma família muito influente na região: os Costa Araújo, que tratarei em uma postagem futura.

2.2.1- Família Costa Araújo - Antônia

Eufrásio da Costa Araújo, meu hexavô, era filho de Antônia da Costa Agra e um pai cujas documentações atualmente disponíveis não são ainda claras (tratarei sobre isso em uma postagem sobre a família Costa Araújo). Tal marido será ou Simão da Costa Araújo ou Manoel Baptista de Araújo. Antônia nasceu em algum lugar do sertão pernambucano, talvez Cabrobó/PE (sem confirmação ainda). Com seu marido teve os seguintes filhos (não estão em ordem):
Manoel Baptista de Araújo, Luis da Costa Araújo, Eufrásio da Costa Araújo, Manoela e Raimunda da Costa Araújo (Abrir detalhes).
  • Manoel Baptista de Araújo, nascido entre 1789 e 1792. Casou a primeira vez com Florinda Maria de Jesus (talvez uma das filhas de Martinho da Costa Agra), e a segunda vez com Barbara Alexandrina de Melo, neta do fundador da Barbalha.[3]
  • Luís da Costa Araújo. Casou com Teresa Maria de Jesus. [3]
  • Eufrásio da Costa Araújo (já tratado no tópico anterior). [3]
  • Manoela. Casou com um Carvalho. [3]
  • Raimunda da Costa Araújo, nascida cerca de 1793. Casou com Gonçalo José da Silva Peixoto. [3]
  • Barbara Maria de Jesus. Casou com José Antônio de Jesus. [3]
Os documentos envolvendo Antônia não deixam claro se o pai dos filhos dela foi Simão da Costa Araújo ou Manoel Baptista de Araújo. Existe ainda uma hipótese remota de que ela seja na verdade avó, e não mãe, dos 6 filhos aqui mostrados. De qualquer maneira, ela é ancestral dos 6. As teorias e documentos envolvendo essa parte da família serão tratados numa postagem sobre a família Costa Araújo.

3- Mapa com os lugares abordados

  1. Cabrobó - Onde se estabeleceu Luis da Costa Agra e provavelmente nasceu seus descendentes até Martinho.
  2. Parnamirim - Cidade fundada por Martinho da Costa Agra.
  3. Monserrate - Freguesia portuguesa onde nasceu Luis. Hoje faz parte da cidade de Viana do Castelo.
  4. Distrito de Viana do Castelo - Portugal é dividido em distritos (o que para o Brasil equivale aos estados). Sua capital é a cidade de Viana do Castelo.

4- Considerações Finais

Vimos aqui a linhagem da minha bisavó Aurene Malaquias até o português Luis da Costa Agra, meu 8-avô (octavô), que é o patriarca de todos os Agra do Sertão Pernambucano e de Campina Grande/PB. Em trabalhos futuros veremos mais 3 gerações acima, chegando ao mais antigo Agra até então encontrado. Veremos também as famílias agregadas a esta árvore: os Faria Machado e os Rodrigues de Carvalho (pela parte da mãe de José da Costa Agra), bem como as outras agregadas às gerações mais jovens.
Ao contrário do que vejo em algumas comunidades e fóruns, a família Agra proveniente de Luis da Costa Agra, mesmo tendo sido muito rica e importante no sertão, não possui brasão. O brasão verde partido em 4 partes, com 2 montanhas e 2 faixas em diagonal, me parece ter pertencido a José Francisco Gonçalves Agra, que foi um fidalgo da casa real, o que justificaria ter um brasão. José Francisco viveu no século XIX, portanto infelizmente não há qualquer chance de ele ser ancestral de Luis, pois trata-se, quem sabe (pois ainda não tenho comprovação), de um primo, e o fato de um primo receber um brasão e título, não torna toda a sua família nobre, apenas os seus descendentes. A única chance de Luis da Costa Agra também ter ostentado tal brasão seria se: além de descobríssemos um ancestral em comum entre ele e José Francisco, este ancestral possuísse fidalguia. Mas com as informações que temos hoje, me parece mais provável que José Francisco tenha recebido o título por algum serviço prestado à coroa, pois temos no livro "Lágrimas de Saudade", de Esmeraldina Agra: "José Francisco Gonçalves Agra, fidalgo da Casa Real, comendador da Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa, a quem El-Rei deu a carta de Brasão de armas, a ele e aos seus descendentes (...)". Existe, porém, a possibilidade de José Francisco ter solicitado o título e brasão por já os tê-los algum ancestral, e não por ter prestado algum serviço à coroa, mas precisaríamos de alguma prova disso para cogitar a fidalguia de Luis.

O que ainda pode ser feito (inclusive por você)

  1. Os livros paroquiais do sertão pernambucano não estão disponíveis online. Caso um dia venham a estar, ou caso você more na região de Cabrobó e arredores, seria interessante encontrarmos os registros de batismo, casamento e óbito de Martinho e seus ancestrais. Seria importante também encontrar mais documentos sobre Manoel Baptista de Araújo e Simão da Costa Agra, os dois possíveis pais dos filhos de Antônia da Costa Agra.
  2. Se você é descendente de algum dos envolvidos neste post, pode entrar em contato comigo (pvegito@gmail.com) informando a sua linhagem até um destes antepassados, que terei o maior prazer em anexá-los ao conteúdo e árvores do blog.

Referências

  1. Registros paroquiais de Monserrate/Portugal.
  2. Registros da Universidade de Coimbra, obtidos por intermédio da prima Maria das Graças Alves.
  3. "Antigas Famílias do Sertão", do professor Yoni Sampaio.
  4. "Lágrimas de Saudade", de Esmeraldina Agra.
  5. "Vida e Bravura | Origens e Genealogia da Família Alencar", de José Roberto de Alencar Moreira e Raidson Jenner Negreiros de Alencar.
  6. Jornal "Diário Novo", edição de 21 de Março de 1846

domingo, 4 de junho de 2017

Dos Agra, de Parnamirim/PE, aos Malaquias de Queiroz, de Recife/PE

Aqui começa a genealogia da minha bisavó Aurene Malaquias, matriarca da família Malaquias de Queiroz, de Recife/PE. Esta genealogia também vale para os Aquino Malaquias, do Rio de Janeiro/RJ, provenientes de Alípio Malaquias da Silva, irmão de Aurene.

1- Início da pesquisa

Clique para revelar a introdução (parte pouco relevante em termos de genealogia)
Era maio de 2016, e até então eu só sabia que os pais da minha bisavó Aurene Malaquias se chamavam Rosendo Malaquias da Silva e Francisca Aurora, e que vieram de Parnamirim, uma cidade do Sertão de Pernambuco.
Além das histórias orais da família, de que Rosendo era um homem de posses (o que levantava a possibilidade de ele pertencer a famílias importantes e, consequentemente, com história registrada, permitindo chegar longe em sua genealogia), eu tinha algumas fotos do casal, o que causava em mim um certo fascínio (estava olhando para pessoas nascidas antes de 1900). Fora isso, não me restava mais informação alguma.
Entre as fotos eu olhava aquela senhora, que em nada parecia ter de especial, a começar pelo nome "Francisca Aurora", assim, sem sobrenome nem nada. "Devia ser apenas uma moça bonita, com quem Rosendo resolveu se casar", pensava eu.
Foi então que eu conheci o site FamilySearch.org, que, apesar de pertencer aos mórmons, é aberto e gratuito a qualquer pessoa. Os mórmons vem há vários anos microfilmando livros de cartórios e paróquias (até as católicas mesmo), que abrangem nascimentos, matrimônios e óbitos, e os disponibilizando online. E olhando aqueles livros manuscritos garranchudos de 1889, pouco a pouco foi se revelando um passado interessantíssimo, registros de várias pessoas desconhecidas, mas que pouco a pouco iam criando vida, como personagens de um conto, à medida que apareciam cronologicamente registrando mais um filho aqui, assinando como padrinho de outro ali, ia se formando uma belíssima teia social.
E, no meio de toda essa teia social, lá estavam Rosendo e Francisca, casando e registrando filhos. E podia-se ver que os padrinhos das crianças eram sempre gente de prestígio, como por exemplo os Agra (família do próprio fundador da cidade de Parnamirim/PE, o tenente-coronel Martinho da Costa Agra). E então, documento a documento, a senhora que até então parecia ser apenas uma velhinha qualquer do sertão, conhecida por mim e minha avó e tias-avós apenas por "Francisca Aurora", foi se revelando alguém de uma linhagem incrível, chegando ao ponto de ser descendente do próprio Martinho. E é sobre as 2 primeiras anteriores (pais e avós) a Francisca Aurora que se trata esse post.
Para as gerações anteriores a isso, e também para os ancestrais de Rosendo, haverá outras postagens.

Agradecimentos

Agradeço aos mórmons, pelo fantástico trabalho de microfilmar tantos livros, disponibilizando-os online, de forma gratuita e evitando que aquelas informações se percam à medida que o papel estraga com o tempo. Muito obrigado mesmo! Quero também deixar meu muito obrigado à minha tia, Ana Cláudia Queiroz de Oliveira, mas que prefiro chamar apenas de "tia Ana", por levar as perguntas à minha avó e meus tios avós, perguntas que me iam surgindo à cada descoberta, cujas respostas foram fundamentais à pesquisa. Agradeço também a vovó Mabel e tia Vilma, pela maior parte de contribuição de memórias. Agradeço a tia Gracinha pelo envio das fotos antigas da família. Obrigado também à prima Fátima Kenworthy, a qual descobri e fiz contato por espalhar pela internet tentativas de contato com familiares desconhecidos. Graças a Fátima consegui mais fotos. Obrigado ao meu outro primo também descoberto durante as pesquisas, o grande Herivelton Agra, morador de Parnamirim/PE e detentor do maior acervo da família Agra, o qual complementou bastante minhas pesquisas com documentos e livros que ele tem. Obrigado ao professor Yoni Sampaio, pela gigantesca pesquisa que faz ao longo de muitos anos a qual foi compilada em alguns livros, que me foram cedidos. Obrigado também às primas Maria das Graças Alves, Ingrid Lopes Neuman e Onara Peixoto de Alencar, com as quais troquei diversas informações, todas as 3 pesquisadoras e também descobertas pela pesquisa. Obrigado ao também recém-descoberto primo Nivaldo de Carvalho, que em meio à dureza no sertão ainda encontra tempo para pesquisa (ele pesquisa há mais de 40 anos) e gentilmente me respondeu várias vezes. Obrigado ao grupo "Genealogia FB", uma grande comunidade no facebook, na qual pesquisadores amadores se ajudam mutuamente, tentando decifrar registros quase indecifráveis que lá postamos (uma ajuda fundamental). E, por fim, obrigado aos primos do RJ, do grupo "De onde os Malakas vieram", que se interessaram bastante pelo meu trabalho, o que me incentivou a continuar.

2- A pesquisa em si

Aurene Malaquias, minha bisavó, nasceu em Parnamirim/PE, 1919. Filha de um casal bastante rico e prestigiado, o major Rosendo Malaquias da Silva (que será tratado com mais detalhes numa postagem própria sobre a família Malaquias), natural de Ouricuri/PE, 1861, mas crescido em Floresta/PE, e Francisca Aurora, natural de Parnamirim/PE, 1884. Começamos, portanto, com a árvore acima.
Rosendo Malaquias da Silva e Francisca Aurora tiveram um total de 13 filhos, todos nascidos em Parnamirim/PE (não estão em ordem):
Aurora, Alcides, Adalgisa, Adalberto, Adalcina, Alípio, Aluísio, Amarílio, Albino, Alba, Arlinda, Aurília e Aurene. (Abrir detalhes)
  • Aurora, nascida em 17/02/1898. Nascimento Aurora [Reg.168]
  • Alcides, nascido em 04/12/1899 e falecido em Recife, 19/11/1981. Nascimento Alcides [Reg.228] | Óbito Alcides [Reg.1857]
  • Adalgisa, nascida em 29/06/1901. Nascimento Adalgisa [Reg.253]
  • Adalberto
  • Adalcina, nascida em 02/01/1903 [2]. Falecida com cerca de 25 anos, de tuberculose. É avó da prima Fátima Kenworthy.
  • Alípio, nascido em 20/10/1904. Casou com Severina Agra de Aquino, dando origem ao clã Aquino Malaquias, que existe predominantemente no Rio de Janeiro/RJ. Nascimento Alípio [Reg.281]
  • Aluísio
  • Amarílio
  • Albino
  • Alba
  • Arlinda, nascida em 26/09/1914. Provavelmente faleceu novinha, pois não é lembrada pela família. Nascimento Arlinda [Reg.317]
  • Aurília
  • Aurene, nascida em 01/08/1918 e falecida em Recife, 07/01/2003. Casou com Arthur Barbosa de Queiroz, dando origem ao clã Malaquias de Queiroz, que existe predominantemente em Recife/PE. Óbito Aurene
Família e empregados. Dos senhores em pé lá atrás, o terceiro (da esquerda para a direita) é tio Alípio, e o quarto é meu trisavô Rosendo. Das senhoras sentadas nas cadeiras, a que está ao centro com um bebê no colo é a minha trisavó Francica Aurora. Imediatamente à esquerda dela, está Adalcina. Das crianças à frente, a menina sentada, com a cabeça de lado escorada na perna da mãe, é minha bisavó Aurene.
Aurene
Francisca Aurora (com Aurene criança na foto do meio)
Tio Alípio
Tia Aurília
Tia Alba e tia Aurília
Tio Alcides e esposa
Dois dos irmãos (não identificados)
Rosendo Malaquias da Silva e Francisca Aurora casaram-se em 28/07/1896 (Casamento Rosendo e Francisca). Na época Rosendo tinha 35 anos, e Francisca tinha apenas 12 ou 14. Apesar de no registro de casamento Francisca aparecer como tendo 14 anos, há alguns detalhes que sugerem o contrário: 1-Segundo minha bisavó Aurene, sua mãe lhe contava que ainda brincava de bonecas quando casou. 2-Na certidão de óbito de Francisca Aurora (Óbito Francisca Aurora), em 1957, consta que ela tinha 73 anos, logo ela teria nascido em 1884, tendo cerca de 12 anos ao casar. O erro na certidão de casamento pode ter sido proposital, pois Rosendo era rico, o que pode ter feito a família da noiva mentir para não perder o que chamavam de "bom partido".
Rosendo e Francisca tinham tudo para viver suas vidas inteiras em Parnamirim/PE. Ele era major, tinha diversas propriedades e foi, segundo Herivelton Agra, a primeira pessoa a ter um automóvel na região. Ele também era muito bem quisto pela sociedade local, tanto que aparece em muitos registros cartoriais, assinando como testemunha de diversos nascimentos, casamentos e óbitos. E pelo lado de Francisca, apesar de não ter no sobrenome, ela era descendente dos Agra (família do fundador de Parnamirim), Costa Araújo, Alencar, Souza Ferraz, Pereira de Carvalho, entre outras famílias que tinham renome no sertão, e ainda mantinha contato com os mesmos, como mostram os laços de apadrinhamento nos registros de nascimento dos seus filhos.
Porém, eis que aterrorizava aquele sertão o famoso Lampião. Segundo conta tia Vilma (minha tia avó mais velha, neta do casal), quando Lampião estava para passar por Parnamirim, enviava um mensageiro na frente para avisar ao "coroné Rosendo" de sua chegada. Rosendo, sem escolha alguma, pedia para Francisca preparar um banquete para recebê-los. Quando o bando chegava, sentavam-se à mesa e Lampião exigia que ela provasse a comida primeiro, para que tivessem certeza de que não estava envenenada, e só então comiam.
Pelo que conta vovó Mabel (também neta do casal), Rosendo resolveu mudar-se para longe com a família, pois temia que suas filhas fossem molestadas pelos cangaceiros. Mudaram-se, então, para Campos Frios, um distrito de Xexéu/PE.
Em Campos Frios foi onde minha bisavó Aurene conheceria meu bisavô Arthur Barbosa de Queiroz, o administrador da Usina Santa Teresinha. Mas foi lá onde Rosendo se entristeceu, pela perda de grande parte de sua riqueza que deixou para trás e pela perda de todo aquele prestígio social que tinha, e passou o restante de sua vida sem falar.

2.1- Família Costa Araújo - Francisco Lino

Francisca Aurora, minha trisavó, era filha de Francisco Lino da Costa Araújo e Aurora Manoela de Carvalho (que tratarei no tópico 2.2). Francisco Lino teria nascido em Parnamirim/PE, em data desconhecida (após 1847), e em 1889 já consta como falecido. Com uma mulher anterior a Aurora Manoela, ele teve ao menos 2 filhos:
Juvenal Lino da Costa e Pedro Lino da Costa. (Abrir detalhes)
  • Juvenal Lino da Costa, nascido cerca de 1868. Casou em 07/08/1890 com Manoela Angélica das Virgens, tia de Aurora Manoela de Carvalho. [2]
  • Pedro Lino da Costa, nascido cerca de 1869. Casou em 28/01/1900 com Aurora Lopes de Matos. [2]
Já com Aurora Manoela de Carvalho, teve ao menos 3 filhas:
Maria Aurora das Virgens, Manoela Aurora das Virgens e Francisca Aurora. (Abrir detalhes)
Em 16/09/1875 é relatado incidente de sedição, no qual Francisco Lino da Costa Araújo é indicado por "cabeça principal da sedição". É relatado que "os cabeças foram Francisco Lino da Costa Araújo, Ildefonso da Costa Araújo e o autor da morte foi Severiano da Costa Araújo". Mas ao final, "submetidos a júri, foram libertados por falta de testemunhas". [2]
O episódio acima citado retrata uma triste realidade, mas muito comum, e que voltaremos a ver em outros momentos neste blog. Francisco Lino pode realmente ter sido injustamente acusado, mas também é possível que fosse culpado e livrado da justiça por ser de uma família influente (ele era neto de Martinho da Costa Agra, fundador da cidade em que vivia), coisa que ainda é possível de ser ver no Brasil nos dias de hoje. De qualquer maneira, matar alguém naquela época por alguma rixa era algo menos bárbaro do que hoje, socialmente falando, visto que o sertão era uma espécie de mundo de "faroeste". Às vezes, também, não matar um desafeto implicava em ser morto por ele depois (o que não sabemos se era o caso).

2.1.1- Família Costa Araújo - Lino

Francisco Lino da Costa Araújo, meu tetravô, era filho de Lino da Costa Araújo e Geracina Maria do Carmo (que tratarei no próximo tópico, 2.1.2), moradores na fazenda Bom Jardim. Lino nasceu cerca de 1823. Casado com Geracina em data desconhecida, mas não antes de 1847 (ano em que o primeiro marido dela faleceu), teve 4 filhos, os quais os homens herdaram o sobrenome paterno e as mulheres herdaram o sobrenome materno (do pai de Geracina):
Raimundo da Costa Araújo, Francisco Lino da Costa Araújo, Ana Docelina da Costa Agra e Ermina Secundina da Costa Agra. (Abrir detalhes)
  • Raimundo da Costa Araújo, casado com Francisca Brasilina de Miranda. [2]
  • Francisco Lino da Costa Araújo, já tratado no tópico anterior.
  • Ana Docelina da Costa Agra, nascida cerca de 1854. Casou com o capitão Ângelo Ernesto da Costa Agra, que, ao ficar viúvo, viria se casar depois com Aurora Manoela de Carvalho, minha tetra avó, que ficara viúva de Francisco Lino. [2]
  • Ermina Secundina da Costa Agra, única entre os irmãos viva na data do óbito de sua mãe, em 1898. Casou com tenente Silvestre Martiniano Costa Agra. [2]
Lino da Costa Araújo foi a pessoa nomeada por sua sogra, Josefa Maria do Carmo, para resolver os problemas relacionados ao inventário do falecido Martinho da Costa Agra (sogro de Lino).
Lino era irmão de Manoela da Costa Araújo, uma outra pentavó minha, que veremos mais adiante no tópico 2.2.2. E ambos pertenciam a duas importantes linhagens sertanejas que virão tratadas em uma postagem própria no futuro: os Costa Araújo e os Souza Ferraz.

2.1.2- Família Costa Agra - Geracina

Como já vimos, Francisco Lino da Costa Araújo, meu tetravô, era filho de Lino da Costa Araújo e Geracina Maria do Carmo, moradores na fazenda Bom Jardim. Geracina nasceu cerca de 1823, pois consta em seu registro de óbito (Óbito Geracina [Reg.106]) em 1898 que falecera com 75 anos.
O registro de óbito de Geracina foi a peça mais fundamental de toda a minha pesquisa, pois como seu filho Francisco Lino havia falecido antes de 1889 (ano em que foi aberto o cartório de Parnamirim) eu não tinha os registros de casamento ou óbito do mesmo, o que provavelmente me levaria ao fim da linha neste ramo. Mas ao me deparar com o óbito de Geracina, um documento tão completo que incluía o nome dos seus pais e dos filhos (algo raro, pois no óbito de idosos nessa época geralmente consta apenas o nome do esposo), estava ali o nome de Francisco Lino da Costa Araújo entre os filhos, e o nome do comandante superior, tenente-coronel Martinho da Costa Agra, fundador da cidade em que todos dessa linhagem viviam, como pai.
Graças a essa informação, fui atrás de pesquisadores, pois como Martinho era uma figura histórica, haveria pessoas estudando e publicando coisas sobre ele. Foi nessa busca que conheci o primo pesquisador Herivelton Agra (também conhecido como Veto), descendente também de Geracina. E através dele consegui diversos livros, dentre os quais o magnífico "Antigas Famílias do Sertão", de Yoni Sampaio, o qual consta uma gigantesca árvore construída a partir de centenas de documentos (todos os documentos do cartório que eu havia encontrado estavam presentes nesse livro, fielmente transcritos, além de muitos outros). Tais livros me permitiram complementar o que eu já tinha, e também permitiram ir muito mais longe (hoje há ramos que estou na 13a geração). Muito obrigado, primo Veto! Muito obrigado professor Yoni Sampaio!
Geracina aparentemente foi uma mulher muito bonita, pois teve 3 maridos, tendo inclusive o último deles, segundo a tradição oral da família lá de Parnamirim, sido "roubado" de uma de suas filhas! (Eita velha danada!)
Com Lino da Costa Araújo teve os 4 filhos já citados no tópico anterior. Mas com o seu primeiro marido, José Leonel de Alencar (também primo dela), teve outros 3:
Josera Maria de Alencar, Tertuliano José Leonel de Alencar e Maria Brazilina de Alencar. (Abrir detalhes)
  • Josefa Maria de Alencar, nascida em 1839. [2]
  • Tertuliano José Leonel de Alencar, nascido em 1841. [2]
  • Maria Brazilina de Alencar, nascida em 1843. [2]
Geracina descende de três importantes linhagens sertanejas que virão tratadas em uma postagem própria no futuro: os Costa Agra, os Alencar e os Alves Viana.

2.2- Família Pereira de Carvalho - Aurora Manoela

Como já vimos, Francisca Aurora, minha trisavó, era filha de Francisco Lino da Costa Araújo (que tratei no tópico 2.1) e Aurora Manoela de Carvalho. Aurora Manoela nasceu em Granito/PE, cerca de 1860, pois em seu segundo casamento em 23/09/1890 aparece como tendo 30 anos (Segundo Casamento Aurora Manoela [Reg.15]). Além dos 2 filhos que teve com meu tetravô Francisco Lino, teve mais 2 com seu segundo marido, o capitão Ângelo Ernesto da Costa Agra:
Euthymio Ângelo da Costa Agra e Ana Aurora da Costa Agra. (Abrir detalhes)
  • Euthymio Ângelo da Costa Agra. [2]
  • Ana Aurora da Costa Agra ("Naninha"). [2]
Ana Aurora e seus pertences guardados por sua neta Ana

2.2.1- Família Pereira de Carvalho - Antônio

Aurora Manoela de Carvalho, minha tetravó, era filha do capitão Antônio Pereira de Carvalho e Manoela da Costa Araújo (que tratarei no tópico 2.2.2), moradores do sítio São Bento, em Granito/PE. Estima-se que Antônio tenha nascido entre 1823 e 1830, em algum lugar do Sertão Pernambucano, provavelmente em Exu/PE ou Granito/PE, onde tinha propriedades. Casaram em 17/08/1851. Em Granito/PE nasceram seus filhos (não estão em ordem):
Joaquim Pereira de Carvalho, Aurora Manoela de Carvalho, Manoela Angélica das Virgens, Eufrásio Pereira de Carvalho, Eufrásio Pereira de Carvalho, Apolinário Pereira de Carvalho, Olímpio Pereira de Carvalho, Aurora Pereira de Carvalho, Antônio Pereira de Carvalho, Pedro Pereira de Carvalho e Ana Manoela de Carvalho. (Abrir detalhes)
  • Joaquim Pereira de Carvalho, nascido em 1856. Casou com Ana Pereira de Carvalho. [2]
  • Aurora Manoela de Carvalho, minha tetravó, nascida em 1860, já tratada no tópico anterior. Segundo Casamento Aurora Manoela [Reg.15]
  • Manoela Angélica das Virgens. Casou com Juvenal Lino da Costa, filho natural de Francisco Lino da Costa Araújo e Luzia Maria da Conceição. [2]
  • Eufrásio Pereira de Carvalho (nome em homenagem ao sogro de Antônio). Foi major. Casou com Antonia Jesuina do Amor Divino. [2]
  • Apolinário Pereira de Carvalho. [2]
  • Olímpio Pereira de Carvalho. Casou com D. Maria Francisca de Lima. [2]
  • Aurora Pereira de Carvalho. Casou com Antônio Pereira Luna. [2]
  • Antônio Pereira de Carvalho. Casou com a prima Dorgival Pereira de Carvalho Alencar, filha de João Pereira de Carvalho (irmão de seu pai). [2]
  • Pedro Pereira de Carvalho. Casou com Liberalina Maria de Jesus. [2]
  • Ana Manoela de Carvalho, nascida cerca de 1869. [2]
Por volta de 1869, Antônio ficou viúvo. Casou um ou dois anos depois com Antônia Maria de Carvalho, de Jaicós/PI, lugar onde foi morar. E com ela teve ao menos mais 2 filhos:
Joaquim Pereira de Carvalho Alencar e Carolina Manoela de Carvalho. (Abrir detalhes)
  • Joaquim Pereira de Carvalho Alencar, nascido cerca de 1871. [2]
  • Carolina Manoela de Carvalho. Casou com José Francisco Saraiva. [2]
O capitão Antônio Pereira de Carvalho exerceu mando e poder na região de Exu/PE, alimentando desavenças que possivelmente vinham dos pais e do conturbado período de 1817 a 1832. Pela memória familiar, depois destes incidentes, na década 1870, passou para Jaicós/PI, onde tinha parentes, os Antão de Carvalho, tendo uma irmã casado com Joaquim Antão de Carvalho, de Jaicós. [2]
Antônio descende de duas importantes linhagens sertanejas que virão tratadas em uma postagem própria no futuro: os Alencar e os Pereira de Carvalho. Estes últimos, como será mostrado, uma família poderosa, mas violenta desde sua origem, envolvida em conflitos sangrentos até mesmo contra seus tão próximos primos dos Alencar, em nome apenas (pelo que me parece) de orgulho e avareza.

2.2.2- Família Costa Araújo - Manoela

Como já vimos, Aurora Manoela de Carvalho, minha tetravó, era filha do capitão Antônio Pereira de Carvalho(que tratei no tópico anterior) e Manoela da Costa Araújo, moradores do sítio São Bento, em Granito/PE. Manoela nasceu em 1832, pois aparece com 5 anos no inventário de sua mãe, que falecera em 1837. Segundo a memória da família, Manoela também era conhecida como Manoela da Costa Agra (sua avó paterna era Antônia da Costa Agra).
Acredito que um sepultamento relatado no livro "Padres do Interior II [pág.8]" se trate desta mesma Manoela:
"No dia 27/02/1869 outro corpo foi sepultado em 'em Catacumba desta Matriz do Granito'. A falecida era D. Manoela Francisca do Nascimento, branca, pouco mais de trinta e um anos, falecida de estupor, esposa do Capitão Antônio Pereira de Carvalho, morador no sítio São Bento. (PETROLINA. Arquivo diocesano. Livro de Óbitos de Adultos, p.10v.)."
Usar nomes diferentes era uma prática muito comum naqueles tempos, principalmente entre mulheres, que muitas vezes elas possuíam um sobrenome de família e um outro "sobrenome" de cunho religioso (como por exemplo: "da Conceição", "do Nascimento", "das Virgens", "do Carmo", etc), e o seu uso era alternado entre as ocasiões. É possível, portanto, que Manoela fosse conhecida também por este terceiro nome, Manoela Francisca do Nascimento.
O fator da idade citada "pouco mais de trinta e um anos", que não condiz com a idade esperada (36 ou 37), pode ter sido uma mera especulação feita pelo padre que realizou o sepultamento. Caso essa idade esteja correta surge uma segunda hipótese (menos possível, na minha opinião): a Manoela que aparece no inventário seria uma irmã, que provavelmente faleceu depois, ainda pequena, enquanto que a Manoela, minha pentavó, seria fruto já do segundo casamento de seu pai (o major Eufrásio da Costa Araújo), embora não haja nenhum registro disso. A segunda esposa do major Eufrásio se chamava Inocência Maria das Virgens, filha do tenente-coronel Martinho da Costa Agra, o que faria com que, de qualquer forma, todos os bisavós da minha trisavó Francisca Aurora permanecessem os mesmos (Maria Angélica Ferraz continuaria como sua bisavó pela parte de Lino da Costa Araújo, e o casal Martinho e Josefa não seriam novidade, pois já eram seus bisavós pela parte de Geracina Maria do Carmo).

3- Mapa com os lugares abordados

  1. Parnamirim - Onde nasceu e viveu a maior parte da família.
  2. Ouricuri - Onde nasceu Rosendo Malaquias da Silva.
  3. Floresta - Onde Rosendo cresceu.
  4. Xexéu - Para onde Rosendo se retirou com os filhos menores, por temer o bando de Lampião, perdendo o vínculo com o sertão.
  5. Granito - Onde vivia Antônio Pereira de Carvalho e nasceram seus filhos.
  6. Exu - Onde Antônio tinha terras e parece ter vivido parte da vida.

4- Considerações Finais

Vimos aqui a linhagem da minha bisavó Aurene Malaquias até os seus 4 bisavós maternos, base da extensa genealogia dos ancestrais de sua mãe Francisca Aurora que será mostrada aqui em outras postagens sobre as famílias sertanejas: Agra, Costa Araújo, Pereira de Carvalho, Alencar, Souza Ferraz e Alves Viana.

O que ainda pode ser feito (inclusive por você)

  1. Futuramente farei o exame do meu DNA mitocondrial (DNA que é passado apenas da mãe ao filho), o que corresponderá ao DNA mitotocondrial de Manoela da Costa Araújo. Assim, caso algum descendente em linha exclusivamente matrilinear de Maria Angélica Ferraz ou Josefa Maria do Carmo também o fizer, poderemos comparar os testes e comprovar, definitivamente, qual das duas esposas do major Eufrásio da Costa Araújo foi a mãe de Manoela.
  2. Não tenho acesso aos livros paroquiais de Parnamirim/PE, Exu/PE nem Granito/PE (apenas os livros cartoriais estão disponíveis online no FamilySearch.org). Caso você seja um pesquisador e more numa dessas cidades, poderá encontrar documentos que adicionem dados à pesquisa. Caso tais livros um dia venham a ser colocados online, eu os lerei. Os livros paroquiais possivelmente alcançarão meados dos anos 1700, ao contrário dos cartoriais que abrangem apenas até 1889.
  3. Se você por acaso tem fotos das pessoas aqui envolvidas, ou de irmãos e primos, as fotos serão muito bem vindas. Se tiver histórias sobre os mesmos, também ficarei feliz em acrescentar ao blog. Meu e-mail é pvegito@gmail.com
  4. Se você é descendente de algum dos envolvidos neste post, pode entrar em contato comigo (pvegito@gmail.com) informando a sua linhagem até um destes antepassados, que terei o maior prazer em anexá-los ao conteúdo e árvores do blog.

Referências

  1. Registros cartoriais de Parnamirim/PE e Recife/PE.
  2. "Antigas Famílias do Sertão", do professor Yoni Sampaio.
  3. "Padres do Interior II", do padre Francisco José P. Cavalcante.